quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Pecuária intensiva no Brasil: uma possível solução?



Oi gente,

Após estudar sobre os impactos ambientais no território brasileiro, fiquei preocupada. Eu já sabia que a coisa não era muito boa, quando se fala de desmatamento, poluição e falta de tratamento de lixo e de esgoto, mas, hoje, fiquei ainda mais preocupada. Me dei conta de que nós não fazemos nada no nosso dia a dia para mudar essa situação que vem piorando a cada dia que passa. Sempre colocamos a responsabilidade no Estado e achamos que pagar os impostos é o suficiente: errado. Temos que fazer nossa parte, começando com a coleta seletiva de lixo, com a diminuição dos gastos de água e energia elétrica.

Green advices a parte, resolvi começar a fazer a minha parte, ainda mais. Comecei a coleta seletiva de lixo aqui em casa e me dispus a, uma vez mais, parar de comer carne vermelha. Já fiz essa experiência durante dois anos e foi algo positivo; agora, vou retornar uma vez mais a esse princípio, me permitindo comer, no máximo, carne vermelha duas vezes por mês - e olhe lá, só pela vitamina B12!

Sei que pregar o vegetarianismo do mundo não é uma política realista, tão pouco concretizável, e, por isso, vim para casa dirigindo e pensando em como seria uma forma de diminuir os impactos ambientais, sem privar os homens de suas vontades. Já que os boizinhos infelizmente vão morrer, que seja pelo menos causando um impacto ambiental menor. Hoje, para vocês terem ideia, 38% das cabeças de gado do país estão na Amazônia e, segundo o MMA, cerca de 75% da área desmatada da Amazônia é ocupada pela pecuária. Refleti, refleti, e me dei conta de que essa grande expansão da fronteira agropecuária para a Amazônia só se dá porque, no Brasil, nossa pecuária é atrasadíssima e baseada no método extensivo de criação, onde o gado fica solto, pastando e compactando a terra. Essa forma de criar gado é a pior, pois é preciso ter grandes áreas de pasto aberto, sem falar que o gado recebe poucos cuidados e elimina seus dejetos ao ar livre, contribuindo para a compactação do solo e para a emissão de gás metano - um dos maiores causadores de efeito estufa!

A foto abaixo mostra os avanços da criação pecuária no Brasil e as regiões com maior concentração de gado.


Cheguei a conclusão de que, para minimizar esses danos ambientais que vem sendo cada vez mais presentes no nosso país, a solução seria adotar práticas de pecuária intensiva, onde o boi fica majoritariamente em locais mais fechados, recebe mais tratamento, seus desejos são tratados e onde ele pasta apenas por uma parte pequena de tempo em um local menor. Nessa prática, não é preciso ter grandes quantidades de pastos e o solo acaba sendo menos danificado, sem falar que a carne do boi fica mais macia, pois ele não fica pastando direto, e ele fica mais tratado, correndo menos riscos de doenças etc.

Tendo dito isso, me perguntei por que, no Brasil, não temos incentivo às práticas de pecuária intensiva, ao invés de extensiva, sobretudo neste momento atual da história, onde os preços das commodities (entre as quais a carne boniva se inclui) estão altíssimos, incentivando a expansão da fronteira para a Amazônia? Pesquisei e vi que não sou a única a achar isso. O Prof. Guilherme Dias Leite, da USP, também acha que a forma de criação de gado na Amazônia deve mudar. O prof. diz, ainda, que as principais causas de o modelo ser como é atualmente são a falta de crédito concedido aos pequenos e médios produtores. Os créditos governamentais e as políticas de incentivo acabam incentivando que os grandes produtores continuem se expandindo, fazendo com que os menors acabem se espalhando de forma irregulamentar e sem planejamento.

Além das concessões de créditos para que os produtores menores adotem práticas intensivas, uma boa forma de incitar a mudança poderia ser mediante incentivos fisicais para os produtores que criassem seu gado em conformidade com as leis de proteção do meio ambiente; mas isso nos remete a um outro problema: a inexistência de uma lei que regule firmemente a atividade pecuária no Brasil e seus impactos ambientais. Mediante a lei 7181 de 1991, fica especificado que o governo federal poderá conceder incentivos fiscais ao proprietário que preservar e conservar a cobertura vegetal original de sua propriedade, porém, isso hoje em dia tem sido alvo de inúmeras discussões no Congresso, sobretudo no que se refere ao Código Florestal, que foi alvo de muitas críticas por ONGs e especialistas no assunto.

Além das políticas domésticas, que devem ser implementadas a fim de regulamentar de forma mais específica essa expasão sobre a Amazônia, o Brasil não pode se esquecer dos compromissos internacionais de meio ambiente que vem assumindo ao longo dos últimos 20 anos e que estão diretamente relacionadas a questões como essa da pecuária e seus impactos. Tanto na Agenda 21, que firma as táticas de ação para proteção do meio ambiente, quanto na Declaração da Biodiversidade e na Conveção Quadro para Mudanças Climáticas, o desmatamento, a preservação da biodiversidade e a redução da emissão dos gases são pontos centrais, e todos eles relacionam-se com as consequências da nossa expansão da pecuária para a Amazônia. É preciso que tomemos mais medidas práticas, firmes e que, principalmente, supervisionemos a situação na Amazônia, ou, em breve, ela se tornará um grande pasto - isso sem falar da soja.

Sendo assim, não creio que a pecuária intensiva vai resolver todos os problemas do Brasil e do avanço sobre a Amazônia, mas pode ser uma forma de minimizar, ou, ao menos, de atrasar os impactos que essa atividade poderá ter em um futuro próximo. A questão é que, por vontade própria, os pecuaristas não farão tal coisa; é preciso que o governo se posicione, a fim de estimular uma pecuária mais avançada e menos nociva aos nossos domínios. Já que as pessoas não irão parar de produzir carne, nem de comê-la, que, ao menos, sua produção seja mais correta.

Bom, é isso. Espero que cada um faça a sua parte para que nós possamos usufruir das benesses da natureza, sem impedir que as gerações futuras também tenham suas necessidades atentidas. Desenvolvimento Sustentável na veia, galera.

Fico por aqui.

Um beijo,

Luiza

Fontes:
Imagem: Google Images


3 comentários:

  1. Ola Luiza, venho acompanhando seu blog de forma discreta, mas hoje resolvi debater um pouco sobre sua ideia. Venho estudando tamb'em sobre o impacto da agropecuaria no Brasil e eu acredito que mudar a forma criação extensiva para a intensiva não é resolve em nada. Temos que mudar nossos habitos alimentares, junto com uma politica mundial para a diminuição de gado no mundo. Pois países desenvolvidos estão deixando de criar gados por eles poluirem os solos e destruir o meio ambiente e compram de países como o Brasil que não tem uma lei de controle ambiente forte. Quer dizer quem está patrocinando o desmatamento da Amazonia, além dos proprio brasileiro, é os paises de fora. A demanda por carne cresce a cada ano, se voce pegar a estatistica da PNUD exite 40 bois para cada ser humano no mundo. E mais, o PNUD diz que se a população mundial consumir a quantidade de carne que os americanos consome, precisaremos de 3 planetas Terra para criar gado. Veja que absurdo!! Sabe o que eh legal de voce assistir o filme A carne é fraca..tem no youtube....eh uma producao de ambientalistas, mas eles abordam muito essa questão do consumo e a destruiçao da amazonia. Eu estou fazendo minha parte como voce! Reciclando, consumindo quase nada de carne...mais o governo brasileiro precisa ser mais eficiente e criar leis mais duras...colocar no preço da carne o desmatamento da amazonia...o preco seria mto alto e queria ver alguem comprar tanta carne. Na Europa a carne é carissima , pois as leis ambientais taxam os produtores que repassam os valores mais alto das carnes! Bom eh isso...Espero te ajudado no debate..qqr coisa me mande um e-mail!! thaisalmeidabr@yahoo.com.br . Thais Almeida

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  2. Este comentário foi removido pelo autor.

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  3. Oi Thais!

    Valeu por sua opinião. Realmente concordo com você, é preciso que haja uma mudança de consciência né? É muito comum agirmos sem a percepção de que nossas atitudes hoje são importantes para o futuro que virá - e, nesse caso, que já está chegando. Espero que, com o tempo e com as políticas de proteção ao meio ambiente, as pessoas mudem sua consciência, pelo menos aqui no Brasil, o que já seria um grande passo.

    Apesar de tudo o que vemos por aí, tenho fé e acredito que o ser humano está passando por uma mudança sim, O simples fato de pessoas como eu e você estamos aqui tentando achar soluções para esses problemas já demonstra isso.
    Temos que fazer nossa parte, incitar debates, estimular os demais e acreditar que vai dar certo!

    Adorei sua participação aqui no blog. Venha mais vezes!

    Beijos

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