domingo, 19 de dezembro de 2010

O reconhecimento do Estado Palestino pelo Brasil: um passo fora da cadência?



A recente notícia sobre o reconhecimento do Estado Palestino pelo Presidente Lula gerou polêmica, não apenas no Brasil, mas, também, em vários outros países. A atitude foi considerada por muitos jornalistas como sendo ousada e polêmica, uma vez que a ação reconhece o Estado Palestino e lhe atribui as fronteiras anteriores à Guerra dos Seis Dias, de 1967, uma das mais prejudiciais aos palestinos. Terá sido a ação brasileira tão ousada, ou apenas mais um passo no processo de aproximação do Brasil com os países Árabes?

O relacionamento do Brasil com os países árabes foi, desde sempre, pouco encorpado e bastante singelo. A falta de conhecimento mútuo entre as culturas era a principal causa da falta de proximidade, tanto política, quanto comercial e econômica. Apesar de uma tentativa de aproximação durante o governo Geisel e seu pragmatismo resposável, reconhecido pela diversificação de parcerias, não houve incremento duradouro nas relações entre o Brasil e os países daquele hemisfério. Apesar de uma aproximação política e econômica, o ponto principal das relações entre o Brasil e os países árabes permanecia sendo o comércio de petróleo, que naquela época ainda era fundamental ao desenvolvimento industrial brasileiro. Com os sucessivos choques do petróleo e a guerra do Afeganistão nos anos 70-80, as relações não avançaram, mas até mesmo regrediram.

A partir dos anos 90, com o fim da Guerra Fria e a abertura comercial brasileira, é possível acreditar que as relações Brasil-Países Árabes tenderia a incrementar-se; no entanto, dois acontecimentos marcantes no início dos anos 90 mudaram o rumo dos fatos. A Guerra do Golfo em 1991 e o recrudescimento dos conflitos árabe-israelenses dificultaram a situação naquela região. A Guerra do Golfo, iniciada em 1991, quando da invasão Iraquiana ao Kuwait, balançou as estruturas internacionais, especialmente no seio da ONU. A intervenção norte-americana na região, respaldada pelas Nações Unidas, consolidou ainda mais a hegemonia norte-americana na região e no mundo. O consenso na ONU e a organização em torno de tropas lideradas pelos EUA deram a esse país uma supremacia na região. O Brasil permaneceu à margem do conflito, negando-se a mandar contingentes ao Kuwait e pregando a solução pacífica dos conflitos, através de negociações e acordos.

As relações que o Brasil mantinha, comercialmente, com o Iraque foram problemáticas, na medida em que alguns brasileiros foram sequestrados naquele país, para serem usados como moeda de troca, nos anos 90. Isso fez com que, durante o início dessa década, as relações com os países árabes fossem minimizadas e muitas Embaixadas fossem fechadas, apesar da bem-sucedida missão Flecha de Lima (nome do Embaixador que conseguiu negociar a libertação dos reféns brasileiros). Além desse fato, que marcou o início do distanciamento brasileiro dos países árabes, a negociação dos Acordos de Oslo, que mantinham a paz entre Israel e Palestina, também foi marcante para demonstrar o afastamento brasileiro da região. A conferência de Madri de 1991, parte do Processo de Oslo, marca um novo posicionamento dos países árabes, ao redor dos Estados Unidos, que maximizava sua influência na região e minimizava a importância de outros atores, como a Europa, a América Latina e a Ásia. O não comparecimento brasileiro à Conferência é simbólico nesse sentido, ao mostrar que a região não representava grande atrativo à política brasileira.

Com o início do governo Cardoso, em 1995, é iniciada uma nova movimentação diplomática conhecida como diplomacia comercial, onde se inicia uma política de defesa dos interesses comerciais e econômicos nacionais. Com isso o Presidente optou por fortalecer as relações com o Mercosul e estabelecer uma relação menos tensa com os Estados Unidos. Dentre as atitudes marcantes desse período, está o apoio pacífico do Brasil à causa norte-americana de averiguar a produção de armas de destruição em massa no Iraque, em 1997; no entanto, apesar do fortalecimento das relações do Brasil com EUA durante a era Cardoso, a aproximação com os países árabes só se deu efetivamente a partir do final da década, especialmente ápós a crise do Mercosul em 1998, que levou o país a buscar uma diversificação de parcerias para incremento comercial, que de fato ocorreu.

Com o governo Lula a relação entre o Brasil e os países Árabes intensificou-se ainda mais. Após o 11 de setembro e às vésperas da invasão norte-americana ao Iraque, Lula é empossado. O Presidente, diante da situação, não apenas não apóia a intervenção norte-americana no Iraque, como se posiciona claramente contra isso. Em seguida, logo em seu primeiuro ano de governo, Lula organizou uma viagem presidencial a países árabes, como Líbano, Síria, Egito, Emirados Árabes e Líbia. Tal visita causou polêmica na medida em que deixou de fora países como Israel e Arábia Saudita, além de haver priorizado os países que possuiam menor importância comercial para o Brasil. Esse fato demonstra a propensão do governo Lula em diversificar parcerias de forma autônoma, buscando inserir-se internacionalmente através das múltiplas parcerias estratégicas, que não necessariamente as parcerias tradicionais. Outra atitude ousada de Lula foi a convocação da II CASPA (Cúpula América do Sul Países Árabes) atualmente chamada de Cúpula ASPA. A ASPA teve participação de diversos países árabes e aconteceu em Brasília no ano de 2003, quando foi publicada a Declaração de Brasília, contendo fortes demonstrações da reaproximação do Brasil com os países Árabes. A declaração não apenas condenou algumas ações do Estado de Israel como apoiou as medidas que vinham sendo tomadas pelo governo sudanês quanto à questão de Darfur, opondo-se a uma intervenção da ONU naquele país.

Apesar de uma posterior visita do Chanceler Celso Amorim à Israel, no final de 2003, para tranquilizar aquele país quanto à posição brasileira, é notória a maior proximidade do Brasil com os países árabes na última década. Nesse sentido, não é de supreender a declaração de reconhecimento do Estado Palestino pelo governo Lula, antes de chegar a seu fim. 

A questão quanto a reconhecer as fronteiras anteriores à Guerra dos Seis Dias também é simbólica. Essa guerra, ocorrida em 1967, se deu entre árabes e israelenses, após a retirada de tropas da ONU da peninsula do Sinai. Israel facilmente venceu os árabes, em apenas seis dias, e anexou os territórios egípcios do Sinai, as Colinas Golan da Síria, a Cisjordânia e Jerusalém, disputada também pelos palestinos. Com isso, Israel tornou-se o poderoso Estado que é hoje e deixou milhões de palestinos deslocados e refugiados, sobretudo na região da Faixa de Gaza. Apesar da proclamação unilateral de independência, em 1988, e da constituição da Autoridade Palestina em 1993 pelos Acordos de Oslo, a Palestina não é reconhecida como um Estado soberano, por não ter território próprio. A atuação brasileira recente se dá no sentido de tentar incentivar a uma repartição equitativa dos territórios entre Israelenses e Palestinos e a garantia de uma soberania ao Estado da Palestina. A concordância em reconhecer esse país com fronteiras pré-1967 se dá nesse sentido, de tentar garantir internacionalmente uma aprovação de um território que, oginalmente, era Árabe e foi perdido, em conflitos, para os Israelenses.

A meu ver, a atitude brasileira de reconhecer o Estado Palestino não foi um passo fora da cadência, se observadas as atitudes que nosso país já vinha tomando em prol de manter uma aproximação maior com países árabes. A questão é se isso não irá prejudicar as boas relações que o Brasil mantém com Israel, com quem, inclusive, o Mercosul possui acordos de livre comércio; porém, só o tempo dirá. A questão é que, apesar de um Estado de nascimento tardio, de nacionalismo tardio e de complexas relações políticas e sociais, a Palestina é hoje, para o Brasil, um Estado soberano.

Não sei se vocês conseguiram entender muito bem a situação. É um assunto complicado e que estou começando a estudar mais profundamente agora (deve ser notório) rs, mas espero que ajude, de qualquer maneira, àqueles que, como eu, não sabiam praticamente nada sobre essa situação. Espero em breve fazer um post só sobre o histórico da criação do Estado Nacional de Israel e a situação palestina.

Amanha vou pra casa!!! Uhul, essa foi minha última missão de estudos (em bsb) de 2010... Câmbio-desligo, e agora só volto a postar do Rio de Janeiro.

Um beijo a todos!


PS: Estou hiper feliz!


quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Os pais da diplomacia atual. Como chegamos até aqui?





Essa semana, estudando história e tendo as maravilhosas aulas do João Daniel, me perguntei quem seria o pai da atual diplomacia brasileira (se é que existe apenas um). Ao mesmo tempo em que o Itamaraty de hoje ainda possui muito de suas linhas tradicionais, advindas da época do Barão do Rio Branco, essa instituição, certamente, não é mais a mesma daquela época. Como assim?

Na República Velha, o Itamaraty era formado por gênios, como o Barão do Rio Branco, Joaquim Nabuco, e tantos outros. A base da política externa vinha da genalidade, do prestígio, das boas relações dessas figuras com a eltie governista. República das oligarquias, o poder era concentrado em poucas mãos, e o acesso ao poder acabava sendo algo muito restrito aos coronéis e aos indicados pelo governo. Após a Revolução de 30, com a Era Vargas, isso se modificou. Vargas quis incorporar ao governo outros grupos e camadas sociais, a fim de cooptar seu apoio. Para isso, é possível observar uma incorporação das reivindicações trabalhistas pelo Estado, um incremento nas políticas sociais, uma política de incentivo à industrialização, a fim de agradar os industriais, e uma política meritocrática, que agradasse às classes médias urbanas.

Essa política meritocrática é, atualmente, conhecida como "concurso público". Os concursos públicos são uma obra da Era Vargas, justamente para cooptar as camadas urbanas, que agora poderiam fazer parte do corpo do Estado, sentindo-se prestigiadas por isso. A fim de romper com a velha oligarquia do período anterior, Vargas não apenas acabou com as oligarquias e impôs interventores do governo central em seu lugar, mas acabou com a política do prestígio, dando lugar à meritocracia e a uma democratização do acesso ao poder público, mediante os concursos. A política varguista adaptou o Itamaraty à nova realidade que se aprentava ao Brasil: um país a caminho da industrialização, com amplos interesses no exterior e com uma sociedade urbana crescente. E assim a instituição adquiria as faces da nova socidade brasileira.

No entanto, se, por um lado, Vargas modificou a forma como o Itamaraty hoje funciona, por outro lado, ainda há muito da política "baronesca" no nosso MRE. É inegável que os concursos públicos deram nova cara ao Ministério e que essa política permitiu que pessoas de classes diversas, de origens diversas e de formações diversas tivessem acesso à formulação da política externa; no entanto, muito do prestígio da Era Rio Branco ainda permeia as relações do Itaramaty.

É sempre muito comum nos referirmos ao Itamaraty como uma instância distinta dos demais ministério; falamos da prova de admissão à carreira diplomática como algo distinto dos demais concursos públicos. A meu ver, isso se deve ao fato de que, por mais que a carreira tenha se tornado mais acessível, ela permanece elitizada. A carreira diplomática não é vista como uma carreira burocrática, mas como uma carreira de prestígio, de hierarquia, como à época do Barão do Rio Branco e de Joaquim Nabuco. É interessante observar como que, ao longo do tempo, tradição e modernização se misturaram de forma muito íntima, dando ao Itamaraty a face que hoje ele possui: de um lado, caras jovens, pessoas de múltiplas origens; do outro, a tradição da política externa, do respeito às autoridades, da solidez de uma instituição que possui mais de 100 anos de história e que tem suas raízes fincadas no Império.

Esse é o Itamaraty de hoje, uma instituição que se moderniza com o tempo, mas que permanece balizada em genialidade e tradição. Sua tendência é modificar-se ainda mais, com a nova política que vem sendo adotada com o governo Lula, de ampliar a base diplomática do Brasil. Com essa política de expansão da diplomacia, a tendência é que a carreira se renove, modernizando a instituição conforme a sociedade brasileira se modifica e adaptando-se à nova realidade do Brasil, que hoje em dia se consolida como potência internacional.

E eu serei parte dela, muito em breve!

Beijos mil,

Luiza

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Um sonho, 26 vagas e 14 dias



Poisé galera,

Sei que estou há um boooooooom tempo sem postar nada por aqui, mas a vida no último mês foi absurdamente corrida. Resumo da ópera: sou uma pessoa formada!!!! Finalmente acabou a faculdade para mim!! A monografia foi aprovada com louvor, passei com 10 em todas as matérias (apesar de ter inúmeras faltas) e deu tudo certo no final :) Vocês estão lendo o post da mais nova internacionalista do Brasil! rs.

Além disso, minha ausência também decorre dos estudos intensos para a prova do Rio Branco. Não sei se todos sabem, mas as vagas, que vinham sendo 100 nos últimos quatro anos, foram reduzidas para 26, neste ano. Yeah, babe, 26 vagas. O interessante foi ver a reação da galera que estuda comigo, no cursinho. Todo mundo pirou, começou a ficar desesperado, desanimado: não foi o meu caso, obviamente. Fiquei mais certa do que nunca de que esse  é o meu destino. Não existem 26 vagas? Ótimo! Uma delas é minha. Meu sonho é longo demais e certeiro demais para eu me abater com uma coisa dessas.

Confesso que comecei a dar o gás mais intenso da minha vida nos estudos. Tenho fichado uma média de 50 a 100 páginas por dia. Dividi minha semana em temas (Segunda: línguas; Terça: histórias; quarta: direitos, Quinta: PI e Geografia; Sexta: Economia...) e comecei a pirar o cabeção. Mas tem tem sido bom. Sinto que tenho absorvido muito conhecimento, e que as aulas vão me ajudar no resto. Tem que ser assim, pois chega um momento em que as aulas não irão acrescentar mais. Depois de certo ponto, é cair matando nos exercícios, e partir pro abraço.

Estou cansada, obviamente. Doida pra ir pra casa!!! Domingo finalmente viajo e passo duas semanas com a minha família, para então retornar a Brasília. Só terei duas semanas, 14 dias de férias. Nunca antes na história deste país eu tive férias tão curtas... Acho que nem são férias... Mas to curtindo assim mesmo. A simples ideia de que a cada página lida estou um passo mais próxima do MRE me anima muito.

Bom queridos, sei que nao acrescentei muito à vida de vocês com esse post, mas se eu puder dizer algo àqueles que me leem é: nunca desistam de algo quando vocês sabem que se trata do seu sonho. Com 26 vagas, com 1000, com apenas uma, eu permaneceria na busca pelo meu sonho, pela minha realização, e espero que seja assim com vocês. O Itamaraty e o nosso país precisam de pessoas engajadas, apaixonadas pelo nosso país e com objetivos.
Amem sempre aquilo que buscam fazer; façam sempre aquilo que buscam ser.

É o que venho fazendo...

Um beijo a todos os queridos,

Luiza



terça-feira, 16 de novembro de 2010

Para iniciar-se nos estudos diplomáticos.

Estimulada por uma pergunta de um leitor, resolvi fazer um post direcionado àqueles que têm pretensões diplomáticas, assim como eu, mas que, no entanto, ainda não se iniciaram nos estudos direcionados à essa carreira.

Minha caminhada foi, desde sempre, direcionada para a diplomacia. Escolhi fazer um curso de Relações Internacionais, que muito me ajudou na familiarização com a linguagem e com os temas da carreira diplomática. Fiz isso justamente por que já sabia das minhas pretensões em seguir essa carreira. Àqueles de outras formações que visam à diplomacia, digo que há algumas leituras que são essenciais e algumas práticas que devem se tornar hábito.

A primeira das leituras que recomendo é "História da política exterior do Brasil", do Amado Cervo e Clodoaldo Bueno. Esse livro é a Bíblia da diplomacia e deve ser lida, relida, trelida... rsrsrs. De preferência, deve ser lido após um bom livro de história do Brasil, preferivelmente o do Boris Fausto, criativamente intitulado "História do Brasil", minha segunda recomendação. Um livro que igualmente gosto e acho de fácil compreensão é o "Argentina, Brasil, Estados Unidos", do Moniz Bandeira. Acho-o completo na narrativa dos fatos, porém deve-se tomar cuidado com a abordagem um tanto quanto crítica do autor no que se refere aos EUA.

Quanto aos hábitos, ler periódicos é fundamental. Ler jornais TODOS os dias deve ser tão básico quanto comer. Confesso que eu, infelizmente, não tenho esse hábito, mas me policio para tentar ler jornais e revistas - do Brasil e do mundo - ao menos uma vez por semana. Estar informado sobre o que se passa é fundamental e saber a posição que o Brasil adota frente aos ocorridos é essencial. Para isso recomendo a leitura da seleção diária de notícias do site do Itamaraty. As notícias são selecionadas pela própria assessoria de impensa do gabinete do ministro e compilam aquilo considerado mais importante sobre o Brasil e sua política externa. Essa página fica disponível no site do Itamaraty: http://www.itamaraty.gov.br/ ; além disso, há ótimos artigos de política externa e ótimos resumos e posicionamentos oficiais sobre blocos econômicos e coalizões de geometria variável dos quais o Brasil faz parte.

Ler o Economist é útil, respondendo à pergunta do Thiago, até porque muitos dos textos de inglês da prova são retirados daí, o que torna crucial uma familiriazação com o vocabulário mais do que específico desse periódico; no entanto, eu, por mim, não considero indispensável. Se você puder/quiser ler, leia e isso com certeza será útil; se não quiser, leia outros jornais, e isso lhe ajudará igualmente. Recomendo o NY Times e o Le Monde: http://www.nytimes.com/ e http://www.lemonde.fr/

No mais, é importantíssimo ter um amplo domínio da lingua portuguesa. Leituras como Celso Furtado, Sérgio Buarque de Holanda e Gilberto Freyre devem estar no cardápio, mesmo que apenas capítulos específicos ou resenhas. Além disso, a gramática deve estar afiada, pois será utilíssima na primeira, segunda e terceira fases. Boas línguas estrangeiras também são muito importantes. Recomendo fortemente que aqueles que ainda não possuem uma segunda e terceira língua estrangeira (além do inglês) inciem seus estudos o quanto antes em espanhol e francês (já que agora ambas são cobradas na prova). Eu, particularmente, preferi o francês, uma vez que considero essa língua mais complexa de se aprender, demandando mais tempo, e também tendo em vista que eu já havia estudado o espanhol por alguns anos.

Espero que esse post ajude em alguma medida aqueles que buscam iniciar seus estudos para a carreira diplomática! Estou a disposição, para quaisquer dúvidas, no email jovemdiplomata@gmail.com

Beijos mil,

Luiza


sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Um amor anárquico




Hoje parei para refletir sobre o quanto nossas vidas são permeadas por relações capitalistas. Não apenas no que concerne ao modo produtivo de nossas sociedades, toda a nossa vida, em todas as suas mais distintas esferas, é permeada por relações de consumo, de utilidade, de novidade.

Tratamos tudo em nossas vidas da mesma forma com a qual tratamos um objeto. Nos encantamos por uma blusa nova, compramos ela, usamos ela durante um tempo, e, logo, nos enjoamos e a descartamos, pois já estamos interessadas em outra. Na vida afetiva, não é diferente. Nós nos encantamos pelas pessoas, nos apaixonamos, e, depois de algum tempo, enjoamos delas e as descartamos, da mesma maneira como fazemos com todo o resto em nossas vidas.

Entendo que, na vida, as coisas são passageiras, são efêmeras. Mas será preciso mesmo descartar tudo, até mesmo pessoas e sentimentos, com tamanha facilidade? Com tamanha rapidez? Acho que chegamos em um ponto, em nossas sociedades, em que simplesmente não enxergamos mais a diferença entre pessoas e coisas, entre sentimentos e objetos. Olhamos para tudo com olhos utilitários, tentando enxergar até onde aquilo nos é útil e até quando aquilo deve permanecer em nossas vidas. A partir do momento em que as coisas perdem essa utilidade, nós simplesmente nos livramos dela.

Acho que é por esse motivo que, hoje em dia, os relacionamentos duram menos, as pessoas se divorciam mais, e o consumismo aumenta a cada dia, repercutindo, até mesmo, sobre o meio ambiente e o clima. O utilitarismo e a sociedade do consumo chegaram a um ponto em que as pessoas querem ser tão úteis, tão ágeis, tão práticas, sem perder tempo, que, no final, acabam todas sozinhas e, o pior, descontando sua solidão nas compras, na comida, na bebida...

Nós, seres humanos, precisamos enxergar que o real, o essencial, é invisível aos olhos, porém, muito visível e perceptível aos sentimentos. Pessoa do mundo, você que me lê agora, pare de tentar otimizar seu tempo, suas relações, sua família. Enxergue as pessoas como elas são, ame-as desse jeito, vá além do que seus olhos podem ver e não ouça o que a sociedade lhe diz. A sociedade que te fala que você deve sempre ter um namorado novo, que te diz que o bom é ser pegador, é a mesma que quer te vender um carro, uma roupa nova, a cada dia que passa. Essa sociedade vive disso. Não mine aquilo que é tão lindo do jeito que é apenas para tentar se adequar, apenas por repetir um modelo que, no fundo, nem dá certo.

Eu quero uma vida menos capitalista, amigos liberais e um amor anárquico. Uma vida menos capitalista porque eu não quero precisar estar sempre com coisas novas, sempre com aquilo que é mais útil, sempre na moda e sempre tendo o dinheiro como parâmetro. Amigos liberais, que façam o que querem, que digam aquilo que pensam e que expressem aquilo que sentem, sem interferências, sem racionalidade em demasia. Um amor anárquico, sem regras, sem um lado mais forte que o outro, sem nenhum tipo de autoridade, de previsão, de obrigação. Eu quero um amor completo, real, possível, juvenil e inocente. Eu quero o amor que ele for, do jeito que for, como tiver de ser, quando tiver de ser.

Eu quero uma vida livre. E isso começa em mim.

domingo, 31 de outubro de 2010

Eleições presidenciais no Brasil e a política externa: ruptura ou continuidade?


Em tempos de eleição, especialmente hoje, no dia da definição do novo presidente do Brasil, muitos vêm especulando sobre os possíveis rumos da política externa brasileira. Será que muita coisa irá mudar? Será que a diplomacia presidencial que o Presidente Lula vem executando vai acabar? Dilma teria capacidade para dar continuidade à política de seu sucessor?

Primeiramente, a meu ver, acho que a política externa não sofrerá grandes mudanças, em um governo Dilma. Não apenas por se tratar do mesmo partido no poder, mas, principalmente, pela concentração da política externa nas mãos do Itamaraty. A política externa que o Brasil vem implementando nos últimos 8 anos tem muito da atuação pessoal do presidente Lula, sem dúvidas, mas, mais do que isso, a formulação das diretrizes da política externa reside, majoritariamente, sob o poder do Ministério das Relações Exteriores, o que não deverá mudar.

Que o carisma da nova presidente será menor que o de Lula é algo certo. Isso, porém, ocorreria com qualquer um dos novos presidentes. A figura de Lula, tanto no Brasil, quanto no exterior, é dotada de um carisma e de um capital simbólico que são fenomenais. Qualquer um que o suceda terá de lidar com uma popularidade menor que a do ex-presidente, porém, não creio que isso influenciará os rumos da política externa. Reduzir apenas ao carisma de Lula todas as conquistas do Brasil no exterior seria demasiadamente simplista. As conquistas brasileiras, certamente, foram muito influenciadas pela figura do ex-presidente, no entanto, a atuação do país no exterior foi baseada, majoritariamente, em diretrizes estabelecidas pela cúpula política do Itamaraty, que deverá permanecer, praticamente, inalterada. As diretrizes da PE (diversificação estratégica de percerias e inserção internacional ativa) devem permanecer as mesmas, dentro do Itamaraty, com a vitória de Dilma, o que deve fazer com que os rumos do Brasil, no exterior, se mantenham, praticamente, inalterados.

O Brasil, hoje, elege sua primeira Presidente mulher, um passo de continuidade e, ao mesmo tempo, de transformação, na política brasileira. O importante, para nós brasileiros, é pensar independentemente de partidarismos. O importante é enxergar que o Brasil, certamente, permanecerá um Estado forte, um Estado ativo, externamente, e um Estado pautado no desenvolvimento econômico e em uma maior igualdade social.

domingo, 24 de outubro de 2010

Tenha fé...em si mesmo.




Chuva, dias frios, um pouco de melancolia e saudades das pessoas queridas. Assim têm sido meus últimos dias... A vontade de estudar é grande, mas nem sempre a paciência de ficar horas lendo livros a acompanha. Tenho dormido mais que o normal, tido menos paciência que o normal para algumas aulas, mas tenho me respeitado. Se estou sentido assim, deve ter um motivo...

É claro que a tpm atrapalha bastante o rendimento feminino, mas, tirando isso, os nossos pensamentos, em geral, são muito, muito poderosos. Nesta última semana, algo muito surpreendemente me mostrou isso. Eu havia feito uma redação no cursinho, e, obviamente, havia gostado muito dela. Seu tema era a corrupção no Brasil, e nós deveríamos relacionar isso com as origens ibéricas do nosso país. Gostei da minha abordagem, enfim, tinha ficado legal. Quando chegou a nota... Quis morrer! Havia ido muito mal em gramática e nem mesmo no texto eu havia me saído tão bem. Fiquei arrasada, obviamente, e fui conversar com a professora. Ela me disse que, talvez, eu não estivesse pronta para a prova do Rio Branco... Pra quê... Aquilo acabou com meu dia. Vim pra casa abaladíssima, me sentindo a pessoa mais incapaz dentre os incapazes.

Rezei, chorei, conversei com um amigo que já passou por isso e decidi que não iria me abalar. Sempre soube que eu poderia escrever melhor, mas sempre soube, também, que eu era boa. No dia seguinte, fui conversar com a professora novamente, tirar minhas dúvidas, pedir para ela me mostrar onde eu tinha cometido tantos erros, e, logo, a luz se fez. Ela me disse o quanto eu escrevia bem, mas estava apenas errando coisas bobas, insignificantes, que eu sabia, mas estava acostumada a usar de forma errada. UFA! Nem sei dizer o efeito poderoso que isso teve sobre mim! Saí de lá e fui escrever uma outra redação que fluiu como água! As vírgulas posicionavam-se perfeitamente; as crases flutuavam sobre as preposições com pronomes ou com artigos; as conjunções nunca mais foram parar depois de um ponto final rsrs.

Essa lição, por mais banal que possa parecer, me ajudou a enxergar o quanto nossos pensamentos e nossas concepções sobre nós mesmos são poderosos. O fato de a professora ter me dito que eu escrevia bem foi absurdamente importante para que eu de fato melhorasse minha escrita. Como isso, tantas outras coisas na vida seguem o mesmo caminho. A lição não foi, apenas, sobre a gramática ou sobre o uso das conjunções e pronomes relativos, mas, sim, sobre a fé que coloco em mim mesma.

Sempre observo o quanto eu tenho essa incrível capacidade de estimular os outros; no entanto, quando se trata de mim mesma, a situação pode ser tão diferente. Às vezes tenho essa tendência incrível de desacreditar de mim, de minhas capacidades. Assim como eu, sei que muitos fazem isso também, e, por isso, lhes digo: mudem sua forma de pensar sobre si mesmos. Desacreditar de si só irá fazer com que você se torne realmente incapaz. E, nesse contexto, aquele lema bem velho, que as vovós falam, é super atual: se você nao acreditar em si mesmo, quem irá??

A lição que aprendi nessa última semana foi essa: acreditar em si é mais que uma necessidade, é uma obrigação! Deus nos fez assim, e, logo, devemos nos aceitar como ele nos fez. Se você tem sono em um dia, respeite aquele sono e dê graças por ele. Agradeça a Deus por tudo na sua vida, e coloque absolutamente tudo o que faz, estuda, aprende à disposição dele. Aprendi isso com um amigo e tenho colocado em prática. Toda vez que estudo algo eu penso: Senhor, que isso sirva às tuas obras. Tenho certeza de que, se eu não sei onde as coisas vão dar, ele sabe. :)

Beijos

Luiza

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Lightening the way



Percebi o quanto o clima da competição vem me influenciando ultimamente. Ontem rolou um pouco de piração e a cobrança imensa tomou conta de mim. Passei mal, fiquei triste, quis desistir. Desacreditei de mim e do meu futuro.

Hoje resolvi que isso não vale a pena. Não é justo eu perder meu brilho, minha essência, minha alegria por um sonho. O sonho é pra nos dar alegria, não pra nos afastar dela. Resolvi mudar. Resolvei ser sol, ser farol, ser brilho e contagiar todos ao meu redor com a minha imensa felicidade. Felicidade por estar viva, felicidade por existir e por sonhar.

O dia foi ótimo! Ouvi John Mayer, estudei no meu limite, resolvi algumas coisas do dia a dia, encontrei pessoas queridas. Senti, mas mais que isso, deixei os sentimentos passarem por mim, como se instrumento eu fosse. Foi maravilhoso.

Ah, além disso ontem aconteceu algo peculiar. Encontrei, dentre as estatíticas do blogger, uma referência a este blog em um outro blog de portugal, que fala sobre política externa portuguesa. Infelizmente a percepção do dono do blog é limitada, e, ao invés de apenas comentar sobre meu blog, a pessoa me criticou, não observando que este blog é meu, é pessoal, é um diário e, logo, não tem de agradar a ninguém, mas apenas a mim mesma. Agredeço a meu crítico por sua opinião e por me divulgar aos demais como um mau exemplo. Agreço-te apesar de eu não acatar tua crítica e tampouco me abalar com ela. A diversidade existe e isso é lindo. Só de pensar que o mesmo Deus que escreve é o Deus que critica, qualquer incompreensão desaparece. Obrigada a você por me recordar disso com suas palavras tão pouco doces, mas tão repletas de ensinamentos.

Quero ser um farol. Quero brilhar tanto dentro de mim mesma a ponto de iluminar todos à minha volta.

Beijos

Lu

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Cansaço, fadiga, vontade de desistir.

Os últimos dias tem sido cansativos...

A faculdade se aproxima do fim, mas eu confesso: nem tenho pensado nisso. Minha rotina se encontra muito mais às voltas com o concurso para o IRBR que com qualquer outra coisa. Minha colocação nos rankings de simulados vem melhorando, no entanto, algos e baixos existem, e quando um baixo vem em meio a um cansaço extremo a vontade de desistir é gigante.

Vivo para ler e ter aulas, 24h por dia. Mal tenho tempo de comer, rezar, amar rs. E mesmo assim, parece que nunca é o suficiente... Acho que estou passando por aquela fase que as pessoas todas passam, de receios, dúvidas, questionamentos. Será que eu estou no caminho certo?

Em menos de dois meses eu serei uma pessoa formada, graduada e desempregada! O que fazer?

Sei que essa piração toda vem da minha mente, mas o que fazer? Chega um momento em que seu corpo físico nao aguenta mais, e o mental acompanha. Eu leio, leio, leio, tenho aulas, e de repente, parece que as coisas fogem da minha cabeça. Será a loirice? Será apenas a falta de prática? Será que as coisas vem com o tempo? Será que estou me precipitando? Será que estou pirando?

Nem sei bem a intenção desse post. Acho que era mais um desabafo mesmo. Essa corrida para a diplomacia é intensa, é complexa e é uma provação. Só peço a deus que esteja comigo, e que faça a sua vontade.

Obrigada a todos que tem me aguentando nessa fase!

Beijos a todos,

Lu

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Considerações sobre a Primeira Guerra Mundial

Acho que já é hora deste blog retornar um pouco ao seu propósito original. Após um tempo servindo como diário pessoal, vou passar a utilizá-lo novamente também como um caderno de estudos, onde colocarei algumas considerações sobre os temas que venho estudando. É uma boa forma de absorver o conteúdo e de tentar ser útil pra alguém também. rs.

A grande maioria das pessoas já ouviu falar sobre a Primeira Guerra Mundial. Mas será que todas elas possuem conhecimento real sobre os fatores que levaram à guerra e sobre as reais decorrências desse evento? Eu mesma achava que sabia o suficiente sobre esse acontecimento, até me por à prova e ver quanto há por debaixo desse evento histórico que marca as relações internacionais de forma sui generis.

A estrutura do Sistema Internacional à época

A grande primeira consideração a ser feita pela PGM é que ela rompe com um as estruturas balizares que vinham servindo de base para as relações entre as potências europeias, e consequentemente entre esses países e os demais do mundo: o Concerto Europeu.
Formado após o Congresso de Viena de 1815 o Concerto surge após a deposição de Napoleão Bonaparte como uma forma de se tentar equilibrar a hegemonia na europa de forma compartilhada. A intenção era evitar que um país tentasse impor seu domínio sobre os demais como ocorrera no caso da França, duas vezes diga-se de passagem, a primeira com Luis XIV, o Rei Sol, e a segunda com Napoleão Bonaparte, agora já imbuído de poderes constitucionais e vontades populares em sua empreitada. O fato é, os países da europa nao queriam correr o risco de sofrer de novo o que haviam passado na mão dos franceses, e resoveram então moldar as suas relações dessa forma, em formato de Concerto.

No Concerto, permitia-se o uso da internveção com o intuito de restringir a atuação de um país membro caso ele perigasse ultrapassar os limites das vontades hegemônicas, e além disso, tinha-se nos países centrais a representação dos países menores. O países centrais do Concerto eram Grã-Bretanha, Rússia, Prússia, Áustria e França, que mesmo sendo a potência rechaçada foi integrada como forma de assegurar a validade do mecanismo.

Todavia, apesar de eficaz por muito tempo, o Concerto Europeu começou a encontrar dificuldades no final do século XIX e no inicio do século XX. Após a unificação de países como a Alemanha (1870) e Itália (1868), a Europa começou a ficar pequena para tantos impulsos expansionistas e imperialistas, e o Concerto Europeu começou a ficar demasiadamente restrito sem as novas potências que surgiam.

Quando tinha seus negócios internacionais liderados por Bismarck, a Alemanha possuia mais moderação em sua atuação, além de respeitar as balizas da ordem europeia. Bismark, apesar de grande usufuidor dos acordos secretos para obter aquilo que queria, era um grande líder, e enxergava que para se atingir seus objetivos era preciso cautela e diplomacia, não violência. Porém, após a morte do Rei Guilherme I e a assunção de Guilherme II, Bismarck é deposto e a Alemanha inicia investidas mais agressivas em busca de colônias e mercados consumidores. Á época, a Alemanha já era uma grande potência industrial que contava com inúmeras indústrias e com infra-estrutura de ponta em suas atividades, todavia, a partilha colonial já havia sido feita anteriormente entre aquelas potências que eram previamente unificadas e que possuiam domínio das navegações. Bismarck soubera lidar com esse fato de forma inteligente, através de sua Weltpolitik, convocando em 1884-5 a Conferência de Berlim sobre a partilha da África. Na ocasião, a Alemanha, até então sem colônias no continente africano, conseguiu se tornar a terceira potência colonial na África, conquistando a Togolândia e o Camarões alemão. No entanto, isso nao foi suficiente para aquietar as pretensões do novo rei alemão.

Outro fator deve ser igualmente relevante na análise da PGM, a fraqueza e decadência do Império Turco-Otomano. Fragilizado pelos surtos nacionalistas que acometeram a europa após 1848, e o mundo de forma geral, o "grande doente", como chamado pelos acadêmicos, nao mais conseguia manter toda a extensão de seu territorio centralizada e coesa sobre um único centro decisório de poder. A região dos Bálcãs era particularmente complexa, pois envolvia não apenas uma região marcada por fortes surtos nacionalistas e independentistas (como foi o caso da Grécia em 1850), como era uam região extremamente estratégica, por proporcionar saída para o Mar Mediterrâneo, ponto estratégico de rota coemercial especialmente desejado pela Rússia.

A Guerra da Criméia, de 1853 marca esse impulso russo sobre a região e a fragilidade do Império Turco. Invadida pelo Czar Nicolau I, a região da Criméia, pertencente ao Império Turco, foi alvo de comoções e divergências no Concerto Europeu. França, Prússia, Áustria e GB não se posicionaram de forma similar, ficando a França contra a invasão, a Prússia e a Áustria neutras, em função de sua histórica gratidão à Rússia, e a Grã-Bretanha a favor de uma independência da região, já que lhe interessava mais áreas livres e passíveis de configrarem mercados para seus produtos. Ao final, prevaleceu o Concerto, sendo acordado em Paris que a região da Criméia permaneceria no Império Turco e que os países do Concerto deveriam se comprometer com a manutenção da integridade deste Império.


Três principais fatores podem resumir as causas da guerra:

a) disputas imperialistas
b) unificações tardias
c) alianças militares

a. Quanto às disputas imperialistas, tem-se visões diversas sobre a causa da guerra.

1. Os marxistas atribuem a causa da primeira guerra mundial principalmente ao expansionismo gerado pelo advento industrial das potências e sua necessidade de mercados.  Segundo essa linha de pensamento, caso nao houvesse recolução industrial, nao teria havido a guerra.

2. Outro fator relevante é a questão das disputas naval e ferroviária entre as potências europeias. Com o crescimento naval alemão incentivado por Von Tirpitz, inicia-se uma corrida naval entre alemães e britânicos. Todavia, claramente mais beneficiada por sua localização, a GB possuia maior domínio dos mares que a Alemanha com sua pequena costa. Isso levou a Alemanha a adotar uma politica dos mares, deixando seus navios dispersos pelos mares em vários locais do mundo, e não aportados em casa. Quanto à disputa ferroviária, esta remetia principalmente aos grandes projetos expansionistas alemãos de se atingir novas terras para escoamento de sua produção através da malha ferroviária, incluindo a linha Berlim-Bagdá e Cabo-Cairo, que não chegaram se concretizar.

3. Além disso, como já citado anteriormente, o declínio do Império Otomano é fator consideravelmente relevante e diretamente associado aos crescentes nacionalismos que vinham ganhando força na Europa e na região balcânica igualmente, como o Pan-eslavismo, patrocinado pela Rússia e exercido na região pela Sérvia e o Pan-germanismo, patrocinado pela Alemanha e exercido na região pela Áustria. Ambos envolvendo disputas pelos depojos otomanos em decadência e em crises fortemente influenciadas pelo nacionalismo dos povos partes do Grande Império Otomano.

b. As unificações tardias

Segundo Henry Kissinger elas levaram à Weltpolitik (política mundial) de Bismarck em 1850, que busca por novos territórios em função de uma crescente unificação e participação da Prússia - que então se tornaria Alemanha - no cenário europeu e internacional. Sem colônias, a Alemanha se mobiliza através de movimento expansionistas como o Navalismo e o Imperialismo a fim de adquirir aquilo que ainda não possuía - colônias e mercado consumidor.

c. Alianças Militares

Ao final do século XIX, com a fragilidade do Concerto Europeu e do sistema de Viena, começam a surgir novas alianças no sistema europeu, porém fracas e instáveis. Todavia, começam a se formar alianças entre aqueles que possuiam interesses similares. De um lado os expansionistas, de outro aqueles que tendiam a querer manter a hegemonia compartilhada na Europa e a estabilziar o sistema.
De um lado temos a Tríplice Aliança, formada em 1882 por Alemanha, Império Autro-Húngaro e Itália.
Itália e Alemanha unificadas tardiamente tinham entre si a semelhança da busca por novos territórios e da cobiça por regiões dos Bálcãs, bem como a Áustria.
Do outro, temos a Tríplice Enténte, formada tardiamente, apenas em 1905, inicialmente entre Rússia, França e Inglaterra, países centrais do Concerto Europeu mas que vinham perdendo poder à crescente e sedenta Alemanha.

O início das hostilidades

Como já é sabido, o estopim da guerra é tido como a morte do Arquiduque Austríaco, Francisco Ferdinando, assassinado em Sarajevo, Sérvia, durante uma visita ao país balcânico. No entanto, como vimos anteriormente, a morte do arquiduque não passou de um motivo para dar inicio às hostilidades que já se encontravam latentes nos países europeus. De um lado já se tinha Áustria representando os interesses pangermanistas nos Bálcãs, do outro a Sérvia represetando os interesses paneslavistas nos Bálcãs; a região borbulhava de movimentos nacionalistas que davam instabilidade ao Império Otomano; e o Concerto Europeu já nao era mais pário para estabilizar os impulsos expansionistas da crescente potência germânica.
É claro que uma visita de um austríaco à Sérvia não poderia acabar em boa coisa.

O sistema das alianças

É interessante observar como que o envolvimento dos países na Guerra foi em escala. Inicialmente o conflito se iniciou entre Áustria e Sérvia, como já citado, porém, devido a suas alianças com outras potências, a guerra acabou se tornando generalizada. A Alemanha se envolveu imediatamente ao lado da Áustria, ao passo que a Rússia se prontificou ao lado da Sérvia, ambas madrinhas dos movimentos Pangermanista e Panestavista. Com o envolvimento da Rússia, a França começa a mobilizar seus esforços de guerra, uma vez que existia uma aliança Franco-Russa. Com isso, a guerra já não era apenas local.
Após isso, a Alemanha tem de efetuar uma investida assimétrica em duas frentes, uma em direção à França e outra em direção à Rússia, países aliados e que prensavam-na entre si. Com isso, cria-se na Alemanha o Plano Schlieffen de 1905, no qual tinha-se a ideia de invadir primeiramente a França através da Bélgica, e assim evitar o confronto com as tropas francesas, e depois atacar os russos em um segundo momento. No entanto, ao romper com a neutralidade Belga, a Alemanha acaba dando à Inglaterra o pretexto que esta precisava para se envolver no conflito, já que este país possuía uma aliança com a Bélgica a fim de manter a neutralidade desta útilma.

Incia-se um conflito generalizado, que tem como fases as estratégias usadas no conflito:

1. Guerra de movimento - 1914
2. Guerra de trincheiras 1914-18
    Guerras paradas com pouca movimenta~~ao e que dao oridem ao desenvolvimento técnico de guerra, como submarinos, gases, bombas, etc.
3. 2ª Guerra de movimento - 1918
    Nova iniciativa de investida alemã.
    Saída da Rússia em função da Revolução de Fevereiro de 1917.
    Assina o acordo de Best-Litovsk, no qual manifesta sua neutralidade.
    Dá segurança à Alemanha para tentar nova investida frente à França, que só não vence pelo esforço belga e francês.
    E finalmente em 1918 chegam os norte-americanos, mobilizados a partir do final de 1917, freando a iniciativa germânica.

Os Tratados

1. Paz de Amiens de 1918
    Tratado de Armistício entre os beligerantes.
2. Conferência de Paris de 1919
     a. Tratado de Versalhes
      Remetia os custos de guerra com a Alemanha e obriga-a a aceitar cláusulas territoriais e devolver a Alsácia Lorena, a restringir suas atividades militares e a assumir a indenização dos custos de guerra.
      Os 14 pontos de Woodrow Wilson e a criação da Liga das Nações, o organismo internacional responsável pela manutenção da paz.
     b. Tratado de Saint-Germain-en-Lays
         Assinado com a Áustria-Hungria, que agora é dividida. Logo, assina-se um com a Áustria e um com a Hungria.
     c. Tratado de Neully
         Assinado com a Bulgária, que se envolve posteriormente aos esforços da Tríplice Aliança.
      d. Tratado de Sèvres de 1920
           Deveria ser assinado com a Turquia após a fragmentação do Império Turco-Otomano em seis partes.
            Era mais draconiano que o tratado de Versalhes, porém com o início da modernização e da republicanização da Turquia sob os esforços de Mustafa Kemal, o regime do sultanato chega ao fim no país, e inicia-se uma República sob o comando do herdeiro dos Jovens Turcos.
           Seria preciso um novo tratado que substituisse Sèvres.
        e. Tratado de Lausanne
           Teve participação grega significativa, uma vez que interessava a esse país a conquista de parte significativa das ilhas turcas.
           Grécia ganha aquilo pelo qual batalhou durante a guerra.
           Assim como a Itália ganha as regiões da Itália irredenta, que até então pertenciam à Áustria.

Bom, com isso podemos observar que a Primeira Guerra Mundial não é um evento simples de ser compreendido. Com inúmeras causas, múltiplas decorrências e consequências que transpassariam o escopo dos acordos assinados, a Primeira Guerra Mundial deixaria a Europa arrasada e traria os EUA como a nova potência capitalista e militar do mundo. Além disso, abriria margem para a Segunda Guerra Mundial, que é tida como a revanche daqueles que foram humilhados ao final da Primeira.

No mais, a PGM e seu fim iniciam a tradição do estudo das relações internacionais como forma de se compreender a causa das guerras e a necessidade crescente de evitá-las, além de dar inicio aos organismos internacionais, iniciados na Liga das Nações e seus esforços para garantir a paz mundial, que no entanto não conseguiram evitar um novo conflito.

Bom, espero que isso um dia ajude a alguém. Pelo menos foi últil para mim escrever um pouco sobre esse evento tão importante mas tão complexo das Relações Internacionais.

Beijos

Luiza

sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Como NÃO se fazer a prova do Rio Branco

Buenas noches a todos,

Hoje estou aqui, novamente em português, para compartilhar a façanha que foi o meu final de semana passado com a prova do Rio Branco.

Como já contei antes, moro em Brasília, mas minha família permanece no Rio, o que me leva a passar férias aqui. Como não estou mais estagiando, esse ano tirei férias mais longas antes de retornar ao último - e merecido - ano de faculdade que será puxado, e sendo assim resolvi fazer a prova do Rio Branco por aqui mesmo, pra treinar...

Bem, tudo já começa com o fato de que a prova será na capital do estado, enquanto eu me encontrava há umas 2h de lá, em Arraial do Cabo. Sendo assim, sábado de manha, um dia antes da prova, fui eu para o Rio ficar em um hotel para estar BEM no dia seguinte e fazer a prova. Mas eis que, logo de cara, eu já cheguei no Rio com uma "pequena" vertigem que me atingiu em função da viagem de carro e me tomou o resto da tarde. Fiquei tonta e meio enjoada - mas isso não me impediu de fazer algumas comprinhas no Rio Sul e paquerar uns gatinhos cariocas, claro!!!!

Após dar uma caminhada relaxante na orla de Copabacana (quase caindo pra fora da calçada com a falta de equilibrio da vertigem), retornei ao hotel para o descanso revigorante antes do desafio!!! Bem... era o que eu achava, pois o hotel - que já está um tanto quanto fora de sua 'belle époque" estava com fronhas um tanto quanto "suadas" que dificultaram que o meu sono de beleza fosse relaxante e cheio de frescor...

No dia seguinte, fui "acordada" às 6h45 da matina em função do "medo geral" (leia-se: do meu pai) de que pudesse haver tráfego - detalhe que era domingo de manhã - e então cheguei eu, lá na Tijuca, às 7h30 mais ou menos para fazer a bendita prova que só teria início às 8h45. Ah jesus.

Bom, parte da manhã, tranquila! Estava puxada, como sempre, mas fui bem. Estava segura, fiz no tempo certo, revisei, sai para o almoço. Segundo problema  vem daí. Comecei a ficar absolutamente sonolenta e cansada na hora do almoço, o que é INADMISSÍVEL! Eu ainda tinha uma tarde inteira de provas pra fazer....
A solução que me pareceu mais conveniente foi tomar 3 expressos antes de voltar à prova e levar uma coca - mais cafeína.

Parte da tarde, voltei eu pra prova. Cansada e sonolenta. Parecia que a vertigem, as compras, o sol e a fronha meio azeda do dia anterior estavam começando a soltar seu ranso sobre a minha vitalidade e jovialidade. A praga estava fazendo efeito!!! Mas eu não ia desistir jamais, e para isso tinha a meu favor os 3 expressos e a coca-cola.
Quão tolos nós somos aos 20 anos de idade...

Não deu 20 minutos que eu estava na sala quando comecei a tremer de excesso de cafeina no organismo e um desespero começou a bater... Mas isso nao foi absolutamente nada perto do que me acometeu quando eu comecei a ver que todos, TODOS mesmo estavam usando canetas PRETAS enquanto eu estava usando caneta azul!!!!!! Eu fui ler na prova e lá estava a pequena linhazinha, que eu não tive a atenção de ler no edital antes de sair de casa... Só podia usar caneta preta pra fazer a porcaria da prova e eu já tinha feito a metade da manhã toda de azul! Não só não ia adiantar nada pedir caneta preta pra alguém como eu tambem jamais daria o braço a torcer....

Comecei a ficar ainda pior. Me veio um enorme enjoo e eu comecei a fazer a prova assim mesmo, enjoada e de caneta azul. Agora já era. E quando nada podia ficar pior - ah, que ingenuidade - a bendita Coca que eu estava bebendo, para me salvar do enjoo, vira e molha toda a mesa!!!! Rapidamente antes que alguem percebesse eu levantei a lata, tirei o gabarito - que não pode molhar - da reta da safada e coloquei a prova (é, o caderno de questões) em cima da caca toda. Consegui jogar um pouquinho no chão pra aliviar o tamanho da poça e o resto o caderno fez o favor de absorver.

Agora, tentem imaginar a criatura fazendo a prova com quase 100g de cafeína no organismo, tremendo, enjoada, com a canenta na cor errada e com uma mesa e prova toda molhadas de coca-cola. Realmente é a visão do paraíso, se é que me entendem!!!!!!!
Fiquei até o final - até hoje não sei como - e saí de lá arrasada, tremiliquenta, enjoada e deprimida com minhas TRÊS canetas azuis e uma moral abaixo da crítica.

Olha, hoje em dia eu estou rindo disso tudo, mas no dia eu chorei demais. Sei que não era pra valer, que estava fazendo por experiência, mas eu me senti mto idiota. Se eu tivesse LIDO atentamente o edital eu teria visto que só podia caneta preta, e eu, na minha "fodasticidade" toda, nem lí nada e me ferrei.

Outra coisa que aprendi é: SÓ FAÇO A PROVA EM BRASÍLIA perto da minha casa, onde durmo confortavelmente na noite anterior, vou de carro, chego rápido, almoçarei coisas leves e não vou ter mil gatinhos cariocas pra me desconcentrar. Essa onda de fazer prova em outra cidade e ter que tomar litros de café pra compensar o cansaço, never again!!!!!!
Além disso aprendi a nao deixar NADA em cima da mesa, muito menos líquidos, e a nao levar chocolate pra prova tbm, pq me embrulhou o estômago.

No fim, ao conferir o gabarito, fui razoavelmente bem como no ano passado. A parte da manhã, que fiz tranquila e sem saber da caneta azul/preta, eu fui incrivelmente bem. Mas na parte da tarde com todas as urucas concretizadas, eu fui mal. rsrsrs

Espero que isso pelo menos sirva de lição pra mim e faça vocês rirem um pouco. E nunca se esqueçam: CANETA PRETA, SEMPRE!!!

Dia 24/1/2010 foi, deveras, um dia daqueles!!!!

Beijos e boa noite,

LDA - de caneta preta!!

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Haiti - History and Current Situation

Absent for quite some time, here I am. The beach and the afternoon naps are taking most of my time and I'm not a bit sad to confess it. I know it misses just a week to the CACD test but i'm quite relaxed. This year is not for real.

Well, as I've been receiving visits from all over the world, from Mountain Views to Sintra, I decided to post in english from now on. It's good for me to practice and it's easier for anyone to read. Hope i'ts ok for everyone.

Today I wanted to talk about something that really touched me: The earthquake in Haiti. It was a great catastrophe that destroyes an entire city and collapsed and entire country. It happened six says ago and, till today, there were found more than 50.000 bodies.
The MINUSTAH was almost entirely damaged. Most of the mission that was acting in Port-au-Prince was killed in the accident and now the situation is even worst than it was before.


 Haiti was the first country in latin-america to conquer its independence. It was a french colony for exploitation and culture of sugar cane. It used to have so many slaves, that the population in 1754 was of 465 thousand slaves and only 5 thousand white men. There were lots of revolutions and civil wars from the negros against the french, and with the ideals of liberty that came with the French Revolution, it only encouraged more the people. In 1794 France declared the freedom of the slaves, conquering the support and confidence of the great revolutionary Toussaint.
Toussaint started to prepare Haiti's independence, making the island an associated country to the Revolutionary France, but unfortunately not everything did well. Even though he gained a lot of support from the black and the white, when Napoleon took over the command of France, he disagreed with this purpose and sent General Leclerc to end up with the ideals of freedom fomented by Toussaint.
Well, Toussaint was sent to France where he died in prision, but, however, one of Toussaint followers, Jean-Jacques Dessalines, an illiterate ex-slave, conduced the insurrection in the island, expelling the french and proclaiming its independence from France. He was also self-nominated the first Emperor of Haiti in 1804. However, there was a division in the island between the revolutionary, and it was only reunited in 1820 under the power of Jean-Pierre Boyer.

As you can see, the history oh Haiti is marked with the determination of its people. It was the first and unique country that reached its freedom and independence by the slaves and not by any kind of elite.
Many say that's the point why the country became so caothic and poor, because the ex-slaves denied all kind of influence from their olds colonizers. Others admire their will and strenght. The fact is that Haiti became a poor and complicated country.

From its very begining, Haiti had a lot of instability in it's governments. It even went through american interventions as a result of its non-payment of debts and economic instability in the 1900's. Lots of governors tried to take the power, being hardly and violently repelled by the people. In 1957, after the first free elections, the President Duvalier takes the command of the island, although not in ensured elections.
Duvalier - or Papa Doc, as he was known - was a doctor and started a process of dictatorship in the country. After his government, his son, Baby Doc, of only 19 years old, assumed the country and continued his father's terror policy. But, fortunely, he was deposed and the military took the government of the country till the 1990's when the people elected the priest Aristide for president. However, only 10% of the population voted and then, the oppositors did not accept this result, starting a dilemma.

The elected president decided, then, to dissolve it's government, but the population was not satisfied and started to invade the most important cities of the country without any kind of restraint. France and the US did not agree with that lack of manegement started to pressure the president by positioning themselves against any kind of coup d'état that could go against democracy. After all, Aristide resigned.
After his exile in Centro-African Republic, the United Nations Secutiry Council (UNSC) voted the Resolution 1592/2004, that decided to sent a Peacekeeping Mission to stabilize the situation and stablish peace. In 2004, under the command of the brazilian general Augusto Heleno Pereira, MINUSTAH was deployed to Port-au-Prince.
( For more information about the MINUSTAH see http://www.un.org/en/peacekeeping/missions/minustah/background.shtml).

Now that we all know how Haiti got here, we must talk about what's happening now. The country, that has always been marked with instability and poorness, now faces distruction, death, lack of food, water and medicins. After the earthquake that hit the country, more than 50 thousand people died and more than 80% of the country's buildings were destroyed. People that already had little, now have nothing.
Families were destroyed, lifes were taken, prisioners were freed and now help to reorganize crime. The despair is such that the survivors are robbing UN's deposits of food and water. The country is under chaos.


I got really emotional with the situation in Haiti. Not emotional because it made me sad to see people that already had such a difficult life go through worse sitations, but because I could't do a thing. I wanted so much to help, to do something, but, unfortunately, from here, I cannot help the way I wanted to. That's when I saw that lots of organizations are receiving donations from all over the world to sent help to Haiti. NGOs like Oxfam in the US and Viva Rio in Brazil, The Red Cross, The Haitian Embassies and even the UN are receiving preferly money to sent to their effectives that are acting in Haiti.
I didn't think. The fast as I could I sent some money to the NGO Viva Rio and I'm just waiting some days 'till send some to the Red Cross now. I sent an email to all my friends asking them to help too - and I even receive some rude answers from some of them, but's ok.

I would like to make a plea now. People all over the world that read this, please, let's help people in Haiti. They're people like us and they're facing conditions that most of us will never go through, fortunely. Many people are heading to the country to give help, but the grat majority is not. So, people like you and me, people that can't do much, we really should help. It's easy and any help is welcomed.

If you want to help from Brazil, there are some bank data of the NGOs and the Red Cross:

Haitian Embassy in Brazil
Bank: Banco do Brasil
Agency: 1606-3
Account: 91000-7
CNPJ: 04170237/0001-71

International Comittee of the Red Cross
Bank: HSBC
Agency: 1276
Account: 14526-84
CNPJ: 04359688/0001-51

NGO Viva Rio
Bank: Banco do Brasil
Agency: 1769-8
Account: 5113-6
CNPJ: 00343941/0001-28 
 
If you wanna help from other countries, the NGO Oxfam is receiving donations through it's website:
http://www.oxfamamerica.org/
 
I guess that's it. Let's help those who are needed.
 
Pray for Haiti.
 
LDA.

sábado, 2 de janeiro de 2010

A Diplomacia e a Vida Pessoal.

Ser diplomata é uma carreira linda, que envolve muitos sonhos e idealizações. Porém, por trás de todo o glamour e de todo bucolismo, existe muito sacrifício, estudo e, em muitos casos, solidão.

Uma coisa que sempre me falaram quando dizia que queria ser uma diplomata era sobre a vida pessoal. Sempre me diziam que os diplomatas sáo muito sozinhos, que é complicado formar uma família e conseguir um companheiro que lhe acompanhe... Mas será que ainda é mesmo assim?

Pelo que conheço do ramo da diplomacia, realmente, há pessoas sozinhas. Algumas por opção, outras porque preferiram curtir a vida e optaram pela individualidade mesmo. É comum comentar, no meio diplomático, que é bom encontrar alguém dentro da própria carreira. Muitas pessoas tentam fazer isso; algumas conseguem e outras ou  preferem uma vida dedicada integralmente à carreira ou encontram alguém de fora carreira que aceite lhes acompanhar (o que, cá entre nós, não é nada fácil).

Várias vezes já me peguei pensando se eu aguentaria ter uma vida assim, que corre o risco de ser tão solitária, e não por opção, mas pela falta dela. Acho que não é impossível achar alguém no meio diplomático, apesar de que o Itamaraty é uma casa muito pequena, onde todos sabem de quase tudo da sua vida. Agora, achar alguém fora de lá é ainda mais complicado... Parece que todas as pessoas com quem você possivelmente pode vir a se envolver já te olham de maneira diferente por você querer ser diplomata. Com uma expressão do tipo: "É, vou ter que largar minha vida... Então não vai dar né."

Enfim, essa é uma questão na qual tento não pensar: como será meu futuro pessoal como diplomata. Se hoje em dia, como estudante já é complicado levar uma vida solitária, que dirá quando eu for uma diplomata que vai viajar o mundo representando o meu país buscando atingir seus ideais.

Acho que o lance é mesmo parar de pensar, começar a estudar e deixar as coisas chegarem lá, né?

Beijo

LDA