sábado, 31 de dezembro de 2011

Novo ano, novos planos, novos rumos: vale a pena mudar-se para estudar?



Mais um ano chega ao fim. Não sei para vocês, mas, para mim, 2011 foi um ano de muitos aprendizados. Não me refiro somente aos aprendizados no campo dos estudos, mas, principalmente, aos aprendizados pessoais, relacionados à maturidade emocional e, também, intelectual. 

Normalmente, as pessoas refletem sobre o passado e planejam o futuro, no fim do ano. Em função disso, venho recebendo vários e-mails me perguntando sobre as mudanças de cidade em função da preparação para o concurso. Será que, em 2012, vale a pena largar tudo e se mudar para fazer cursinho em outra cidade?

Inicialmente, preciso salientar que os cursinhos são, sim, muito úteis na preparação, mas não fazem tudo por você. Se você for uma pessoa que precisa de estímulo e de orientação, o cursinho será muito bom, pois irá apresentar a matéria de maneira menos complicada, além de mostrar quanta gente preparada quer a mesma vaga que você, o que ajuda a dar um gás nos estudos. Apesar disso, cursos não fazem milagres. Se a iniciativa não vier de você, no fim das contas, não rola. 

A segunda coisa que vale mencionar é que é preciso ler muito e ter muita paciência nesse concurso. Conheço pessoas que passaram ser ler quase nada, mas esses são minoria. A prova exige solidez e maturidade intelectuais e, para isso, é preciso ler muito sobre muitas coisas e muitas vezes. As aulas são muito úteis, com certeza, mas, se você não ler nada sobre aquele assunto, dificilmente absorvê-lo-á em sua completude. Logo, paciência e dedicação são fundamentais. 

Assim sendo, acho que algumas considerações são válidas. Os cursos presenciais, em geral, são mais interessantes que os cursos telepresenciais, mas isso pode variar em função do cursinho. Aulas presenciais são normalmente mais enriquecedoras, a começar pelo fato de que você pode interagir diretamente com o professor e esclarecer dúvidas no momento em que elas surgem. Apesar disso, os cursos telepresenciais também são bastante úteis, uma vez que os professores em geral são os mesmos das turmas presenciais, ou são igualmente capazes, e as aulas são tão bem estruturadas quanto aquelas ministradas pessoalmente. 

O que fazer então? Acho que na hora de tomar sua decisão, se você deve ou não mudar de cidade e ir para uma capital que tenha cursos presenciais, como Rio, São Paulo ou Brasília, acho que você deve refletir sobre os seguintes pontos:

1. Tenho condições financeiras de fazê-lo? 

Pode parecer bobo, mas esse ponto é fundamental. Os cursos não são baratos, assim como o custo de vida nessas cidades. Rio, Sp e Bsb têm um custo de vida alto, seja em relação ao aluguel, à alimentação ou ao lazer. Isso deve ser observado na hora de você tomar sua decisão, pois de nada adiantar gastar mais do que você pode para investir em algo que pode, sim, ser feito de outra maneira que caiba no seu bolso.

2. Terei uma boa estrutura de vida nessas cidades?

Isso é algo em que, em geral, as pessoas não pensam antes de se mudar e, pelo menos pra mim, é essencial. Se você está se mudando para estudar, mas vai viver em uma cidade complicada, onde você não tem carro, mora longe do cursinho, sua casa é desconfortável, etc. etc., será que você vai conseguir estudar bem? Será que vai conseguir se adaptar? Ninguém pensa muito sobre isso antes, mas sua vida pessoal, sua felicidade, seu conforto também influenciam seus estudos. É importante ter um cantinho legal para estudar e uma vidinha aprazível com algum lazer. Você vai passar a maior parte do seu dia lendo, estudando. Se não conseguir uma maneira legal de fazer isso, muito do seu estudo vai ser prejudicado. 

3. É absolutamente imprescindível ter aulas para o concurso?

Essa é uma pergunta difícil. Como eu sempre disse, há pessoas e pessoas. Há pessoas que fizeram poucas aulas e foram aprovadas, outras que fizeram todas as aulas, leram menos e passaram. De qualquer maneira, aulas ajudam, mas não fazem milagres, como eu já mencionei. Acho que as aulas ajudam a ter uma noção melhor sobre a prova, mas é preciso ler bastante, sobretudo porque a prova vem mudando. 

4. Os cursos telepresenciais são piores que os presenciais?

De jeito algum. O que acontece é que a estrutura das aulas é um pouco menos flexível, pois o professor não está na tua frente e não pode esclarecer dúvidas imediatamente. De todo modo, é possível enviar dúvidas por e-mail. Os cursos telepresenciais são uma ótima opção para pessoas que não tem condições de se mudar para fazer cursos presenciais, seja por motivos financeiros, seja por outros motivos. Eles podem ser feitos em unidades telepresenciais ou em casa, via internet. 

5 É possível passar sem fazer aulas?

Por mais incrível que possa parecer para alguns, sim. Atualmente, é cada vez mais difícil encontrar aprovados que não fizeram cursinho em nenhuma fase. Em geral, para a terceira fase, quase todos fazem cursos, em função da estruturação das respostas etc. Até lá, no entanto, é possível que muitos candidatos cheguem sem ter feito cursos. Conheço algumas pessoas, sobretudo de turmas mais antigas, que sempre estudaram em casa, sozinhos, e tiveram um ótimo desempenho. Hoje em dia, isso é um pouco mais difícil de acontecer, mas ainda assim há bastante candidatos que se preparam sozinhos e que têm um desempenho fantástico. Isso é observado com maior frequência nas turmas menores, onde, em geral, as pessoas já têm mais tempo de preparação individual. 

Bom, gente. Acho que era isso. Espero ter ajudado um pouco aqueles que estão planejando o ano de 2012. Tentem sempre ter em mente isso: é possível ser aprovado, independentemente de você morar em uma grande cidade e fazer um curso caro. É preciso ser pragmático e ter uma boa rotina de estudos. Com isso, vocês conseguirão ir longe, independentemente do caminho que escolherem. Como já dizia Fernando Pessoa, "tudo vale a pena, se a alma não é pequena". Reflitam e tomem a decisão mais adequada a vocês para o ano que vem. Se precisarem de algo, podem contar comigo.

Um beijo a todos e um feliz ano novo!

Luiza. 

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Aniversário de 2 anos do Blog Jovem Diplomata!



Queridos,

Neste dia 20 de Dezembro, o Blog Jovem Diplomata completou dois anos. Impressionada, ao perceber que o blog começou há todo esse tempo, aproveitei para refletir sobre tudo que mudou, desde que inaugurei este espaço.

Inicialmente, este blog seria um diário pessoal, onde eu escreveria sobre meus estudos, despejaria um pouco do meu recém-adquirido conhecimento e abstrairia do meu estresse cotidiano. Diferentemente das minhas pretensões, o blog tomou, por si só, um rumo totalmente distinto. Em função da imensa procura por informações sobre o concurso de admissão à carreira diplomática, este espaço tornou-se um instrumento de troca de ideias, dicas e informações, entre aqueles que têm o mesmo objetivo que eu: ingressar na diplomacia. 

É, realmente, gratificante perceber a dimensão que a coisa ganhou. Nunca imaginei que aquele blog que fiz na madrugada do dia 20 de Dezembro de 2009 se tornaria o que ele se tornou, dispondo de um número surpreendente de acessos e de seguidores, que acompanham algumas de minhas peripécias cotidianas e que compartilham as suas comigo.

Sou imensamente grata a todos vocês que acessam este espaço e que contribuem com a minha empreitada. Aprendo muito com vocês, acompanho suas histórias e torço imensamente para que todos alcancem seus objetivos. É uma honra saber que há tantos que me leem e que depositam confiança em mim, para esclarecer dúvidas sobre o concurso, para pedir dicas ou, simplesmente, para conversar sobre temas afetos ao CACD. 

Antes de mais nada, quero que todos saibam que anseio, verdadeiramente, pelo sucesso de vocês, sejam jovens, adultos ou senhores; sejam formados, colegiais, graduandos ou profissionais. Espero que todos consigam realizar, com plenitude, os ímpetos políticos que existem nos jovens diplomatas dentro de vocês.

Ah, e para comemorar os dois anos de blog, uma boa notícia: hoje, dia 21 de Dezembro, o Projeto de Lei 122/2011 foi aprovado pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado. Agora, basta ser aprovado no Plenário (o que pode acontecer ainda hoje) e ser sancionado pela Presidente, para que as 400 novas vagas de Diplomata e as mais de 800 novas vagas para Oficial de Chancelaria sejam liberadas! Vamos torcer - e estudar!

Bons estudos e boas festas a todos!


Beijos e muito obrigada por tudo,

Luiza

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Aprofundado os estudos: o que ler depois do básico.

O ano está chegando ao fim, mas é nessa hora que os candidatos ao CACD menos descansam. É chegada a hora de revisar, aprofundar leituras e diversificar algumas coisas. 

Àqueles que já se preparam há mais tempo, recomendo que comecem uma revisão de tudo que foi visto até então. Leiam e releiam suas aulas e seus fichamentos, pois isso é essencial para o sucesso no TPS. 

Aos demais, que iniciaram sua preparação há menos tempo, recomendo que façam o mesmo, mas que, igualmente, diversifiquem suas leituras e adentrem com maior profundidade em determinados temas. 

Fiz um seleção de leituras que devem ser lidas em um segundo momento, depois de feitas as leituras básicas que mencionei no post "Os 12 livros básicos que você deve ler antes do TPS". 

Enumero, abaixo, algumas leituras mais específicas e igualmente relevantes.

1. Synésio Sampaio Góes Filho - Navegantes, Bandeirantes e Diplomatas. Livro essencial para o concurso. Fala sobre a formação do território nacional desde a descoberta do território brasileiro até a Primeira República. Todo ano uma questão concernente a esse tema cai na prova, logo, trata-se de leitura fundamental.

2. Francisco Doratioto - Maldita Guerra. Esse livro é muito importante, uma vez que o Doratioto faz parte da banca de História do Brasil, e que sua percepção inovou a historiografia no que diz respeito à Guerra do Paraguai, suas causas e suas repercussões no país. Recomenda-se a leitura dos dois primeiros capítulos, que são os mais importantes. 

3. José Murilo de Carvalho - Construção da Ordem/Teatro das Sombras. Essencial para compreender a formação das elites no Brasil, especialmente durante o período Imperial. Leitura obrigatória.

4. José Murilo de Carvalho - Cidadania no Brasil. Livro curto, conciso e absolutamente importante. Faz um resumo de todo o processo de construção dos direitos civis, políticos e sociais no Brasil, desde a independência do Brasil até os anos 90. Muito bom.

5. Lilia Moritz Schwarcz e Alberto Costa e Silva - Crise Colonial e Independência 1808-1830. Esse livro é ótimo. Recém-lançado, faz uma abordagem diferente sobre o período em questão. Trata-se de uma coletânea de artigos que se referem a aspectos do Brasil desde a chegada da família real até a consolidação da independência. Autores como Alberto Costa e Silva, Rubens Ricupero e Lilia Moritz Schwarcz comentam sobre a cultura, a economia, a sociedade e a política do país à época. Atualizadíssimo. Recomendo.

6. Paulo Henrique Gonçalves Portela - Direito Internacional Público e Privado. Lançado a pouco tempo, o livro reúne diversos temas afetos ao Direito Internacional, tanto público quanto privado. Começando pelas fontes do Direito Internacional e seus sujeitos, o autor discorre sobre uma imensa gama de assuntos, abordando até mesmo o Direito do Comércio Internacional e o Direito Internacional Ambiental. Boa aquisição, mas recomendo ler o Rezek primeiro, sem dúvidas.

7. Henry Kissinger - Diplomacy. Confesso que li apenas partes desse livro, mas conheço muita gente que acha essencial. Acho que, para quem já leu os "Hobsbawns" e o "Saraiva" e ainda quer uma outra leitura de História Geral, pode ser uma boa pedida, já que o livro é um clássico no meio. 

8. Paulo Fagundes Vizentini - Política Externa do Regime Militar. Adoro esse livro. O período em questão sempre é tema de questões de prova e, igualmente, de controvérsias. É interessante observar que, mesmo durante o Regime Militar, havia inúmeras divergências entre os governos e que isso repercutia na política externa do país. Leitura obrigatória, pelo menos uma vez. 

9. Charles Chasteen - América Latina, uma história de sangue e fogo. Até hoje busco um livro melhor sobre história da AL, mas ainda não achei. Sei que vai parecer um ultraje, mas me recurso a ler Leslie Bethell e seus 40 volumes sobre a História da AL, então, como li esse livro do Chasteen da faculdade, recomendo. Ele é um pouco acalorado demais, se posso assim dizer, mas acho que tem uma abordagem legal sobre o tema, que fica fácil entender. E estava no edital até um tempo atrás, então... 

10. Maria Yedda Linhares - História Geral do Brasil. Amo esse livro. A parte de Colônia e Império dele são absolutamente indispensáveis a qualquer candidato. Análises profundas que comparam correntes historiográficas. Tem uma abordagem bem distinta daquela dos "Boris Faustos", que são mais factuais. Esse livro é, majoritariamente, mais analítico. Fundamental. 

11. Marcelo de Paiva Abreu - Ordem e Progresso. Esse livro é para quem já está bem avançado nos estudos de Formação Econômica do Brasil. Se já leu o do Gremaud e do Giambiagi e quer algo mais avançado, leia esse. Eu já li partes na faculdade, e achei ótimo, mas é realmente bem complexo. Desafiante.

12. Thomas Skidmore - Brasil, de Getúlio a Castello. Não li esse ainda, mas estou louca para fazê-lo. O autor é bastante apreciado pela banca, sobretudo no que se refere ao período militar. Acho que pode ser uma boa pedida. 

13. Boris Fausto e Francisco Devoto - Brasil e Argentina: um ensaio de história comparada. Esse livro é muito útil, uma vez que traz um dos temas preferidos da banca: as relações BR-AR. O livro adota abordagem que compara o cenário interno e o cenário externo da política dos países. Interessante. 

14. Jorge Ferreira - O Brasil Republicano - coleção. Já li partes dos livros dessa coleção e adorei. As análises são profundas, porém objetivas. Não acho que seja preciso ler todos os livros, mas acho interessante ler ao menos um, ou capítulos deles. 

15. Angela de Castro Gomes - A Invenção do Trabalhismo. Recomendo para aqueles que querem entender melhor a transição de Vargas, da extrema direita à centro-esquerda, após o fim do Estado Novo. Nesse livro, a autora explica como o Trabalhismo (ou aquilo que alguns preferem chamar de Populismo) foi essencial para o retorno de Vargas ao poder em 1951, democraticamente. A tese da autora é a de que o povo não foi alienado e usado por Vargas, como fica implícito no termo Populismo, mas, sim, fez parte do processo de maneira voluntária, consciente de que se beneficiaria das medidas implementadas por Vargas.

16. Marco Antônio Villa - Revolução Mexicana. Livrinho curto que faz um resumo da história do México, desde o Porfiriato até a revolução que levou Cárdenas ao poder, passando pelo processo da confecção da Constituição de 1917, que vigora até hoje, e da criação do PRI, partido que ficou décadas no poder. 

17. Marco Antônio Villa - História das Constituições Brasileiras. Comprei recentemente e gostei bastante. Achei útil, pois a prova adora mencionar as constituições e cobrar seus detalhes. O autor fez um apanhado interessante e explica, de maneira concisa, as características e peculiaridades de cada CF, comparando-as com as demais. 

18. Angélica Madeira e Mariza Veloso - Leituras Brasileiras. Esse livro é bom para a segunda fase, mas para quem já quiser, já é bom ir dando uma lida. As percepções das autoras são bem interessantes sobre diversos temas que são, com frequência cobrados na prova, como escravidão, migrações, ideias, etc. 

19. Sérgio Buarque de Holanda - Raízes do Brasil. Definitivamente um "must read". Clássico, ajuda em diversas matérias, de redação a História do Brasil. 

20. Michel Vovelle - A Revolução Francesa Explicada à Minha Neta. Fofinho, linguagem simples, curtinho. Lê-se em meia hora e tem-se uma visão legal sobre a Revolução Francesa, explicada por um francês. 

21. Hervé Thery - Atlas do Brasil. Bem legal, com mapas e imagens. Tem para download no 4shared. Linguagem simples e dados relativamente atuais. Importante para os estudos de Geografia. 

Bom, galera, acho que já dá pra vocês se divertirem com isso. Depois, posto mais coisas aqui, conforme for lembrando de livros importantes ou descobrindo novos. 

Beijos,

Luiza





segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Seleção de vídeos de política externa

Oi, gente.

Sei que estou meio ausente, mas devo confessar que estou exausta, em função dos estudos e das aulas. Peço desculpas a todos pela demora em responder emails e para postar aqui. 

De qualquer maneira, hoje venho com um post um pouco diferente. Fiz uma seleção de vídeos interessantes relacionados à política externa e vou colocá-la aqui. São vídeos do canal do MRE no youtube, bem como de outros canais afetos à política brasileira. Acho que assistir a coletivas e declarações de autoridades é muito útil para consolidar conhecimento e para continuar estudando, mesmo em momentos de fadiga mental. 

A seleção não é exaustiva, por isso, recomendo que vocês continuem buscando coisas interessantes no Youtube, sobretudo no canal do MRE: http://www.youtube.com/user/MREBRASIL

1. Coletiva de imprensa COSIPLAN - UNASUL. 2011. 


2. Ministro Antonio Patriota - Expectativas Brasileiras na COP 17. 2011


3. Entrevista do Ministro Celso Amorim à TV Senado, 2010


4. Mercosul. Balanço da Presidência Pro-Tempore Brasileira na Cúpula de Foz do Iguaçu, 2010


5. Pronunciamento do Ministro Patriota pelos 15 anos da CPLP, 2011


6. Entrevista do Ministro Patriota à Radio ONU, 2011


7. Discurso do Ministro Patriota nas Nações Unidas, sobre Diplomacia Preventiva. 2011



8. Pronunciamento da Presidenta Dilma Rousseff na Assembleia Geral das Nações Unidas, 2011


9. Seminário "Brasil-OMC". 2011





10. Proclamação do Ministro Patriota na Conferência SGPC. 2010



11. Discurso da Abertura da XI Reunião de Chanceleres da OTCA. 2011



Espero que os vídeos sejam úteis. Divirtam-se e ótimos estudos a todos!!! Se precisarem de algo, estou à disposição. 

Beijos a todos,

Luiza 


segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Dicas para organizar os estudos para o CACD.

Oi, queridos,

Sei que estou ausente há um tempo, mas sei que vocês entendem. Quando a coisa pega, mesmo, não sobra tempo nem pra ter ideias legais de post. Tenho ficado extremamente cansada, com uma rotina de estudos que começa às 9 e vai, muitas vezes, até a meia-noite. Além de tudo, ainda tenho estudado aos domingos com uma amiga. Tá puxado.

Recebi vários emails me pedindo cronogramas de estudos e dicas sobre como estudar. Confesso que cronogramas são coisas muito difíceis de dar. Cada pessoa, em geral, tem o seu próprio mecanismo de estudos e, por isso, não acho que seria uma boa dar um para vocês. No entanto, acho que algumas recomendações são válidas, para ajudar na organização da distribuição dos estudos. Vamos lá.

1. Façam uma lista com tudo que deve ser visto durante semana e sigam-na religiosamente. É super importante saber o que você precisa ver durante a semana, ou os estudos viram uma bagunça. Essa lista deve englobar todas as matérias cobradas no concurso, sem exceções. As línguas, em geral, tomam muito tempo, mas deixe entre meia e uma hora por semana para cada uma delas, nem que seja apenas para ler uma notícia e fazer vocabulário.

2. Façam exercícios toda semana. Sei que muita gente não faz isso, pois toma muito tempo, mas é muito importante. Em geral, essa dica é mais indicada para quem já está estudando há mais tempo e já tem uma profundidade maior de conhecimentos. Eu, particularmente, faço um simulado por semana no curso (e, às vezes, mais de um). Ajuda demais, sobretudo quando você erra. Meu professor me disse, uma vez, uma coisa muito verdadeira: "nada te faz aprender tanto quanto errar". Super verdade.

3. Estudem em blocos de tempo. Recentemente, uma amiga me apresentou a chamada "Técnica dos Pomodoros". Pode parecer besteira, mas ajuda. De acordo com esse método, você estuda em blocos de 25 minutos intensivos e dencansa 5 quando completa o tempo. Quando completar 4 blocos de 25 minutos, descansa de 10 a 15 minutos. Tenho achado legal. Você não fica mega sobrecarregado, divide os tempos igualmente entre as matérias e ainda tem umas sacadas inteligentes depois de um tempo. 

4. Dediquem-se, igualmente, àquilo que não gostam. Todo mundo tem uma matéria ou outra que não gosta de estudar. É preciso estudar principalmente essas matérias. Tendemos a deixá-las para depois e, quando vemos, já era, passou. Minha grande paixão, por exemplo, é história. Tenho a tendência enorme a estar sempre lendo um livro de história, mas isso não é bom. É preciso estudar muito daquilo que não gostamos também.

5. Priorizem emocionalmente as matérias a estudar. Sei que esse ponto irá parecer contraditório, em relação ao anterior, mas não é. Vocês precisam estudar, exaustivamente, todas as matérias, mas, quando irão estudá-las, é uma definição de vocês. A pior coisa é ir estudar Economia só porque está no seu cronograma, quando, na verdade, você estava super a fim de estudar PI. Recomenda-se sempre que vocês estudem aquilo que vocês estão com mais vontade de ver, pois o rendimento é maior - só não pode rolar sempre vontade de ver a mesma coisa.

6. Sejam pragmáticos. Uma coisa que muita gente faz é comprar um livro só sobre a História da Monarquia Britânica no século XVI, ou ficar estudando sobre o deflator do PIB, sobre Luis XV, etc. Gente, se não cai na prova, nem leiam! Cultura geral é importante? Claro que sim, mas se não vai ser cobrado na prova, pra que ficar estudando agora? Meus professores sempre falam: gente isso é importante, mas não cai na prova, logo, passem longe! Sigam o edital do último concurso ou o programa de algum cursinho que segue o edital e mandem bala. Nada de estudar o desnecessário. 

7. Sigam a bibliografia recomendada! Isso é um problema. Gente, eu sei que há muitos livros legais sobre quase tudo, mas é MUITO importante saber a visão cobrada na prova. De nada adiantar ler três mil livros de História Geral, quando a vertente cobrada na prova é a do Hobsbawn. Tudo bem, os livros dele demandam paciência, mas é preciso saber, no mínimo, o que o cara diz. Não adianta brigar com a banca. Já vi muitas pessoas argumentando com meu professor de história (que, diga-se de passagem, é ótimo) porque estavam se baseando na visão do fulano ou do ciclano, e não daqueles autores sugeridos no Edital. Isso é péssimo. A banca irá cobrar uma determinada visão e é nessa que vocês tem que ir. Podem ler outras coisas? Claro que sim, desde que isso não contrarie a visão que a Banca exige de vocês. 

Bom, é isso. Acho que essas dicas podem ser úteis àqueles que têm alguma dificuldade de estipular uma metodologia de estudos, como eu também tinha. Qualquer coisa, fiquem à vontade para mandar emails. Eu tardo, mas não falho. 

Ah, sim, agradeço a todos pelos emails recebidos nos últimos tempos, com o depoimento. Infelizmente, como ele foi retirado do ar, não posso colocá-lo aqui sem autorização do autor.

Beijos e bons estudos,

Luiza 




terça-feira, 27 de setembro de 2011

Depoimento do 1º colocado: site fora do ar.

Gente,

Recebi muitos emails e comentários pedindo o documento do Bruno. O site realmente não está mais no ar, e, logo, não há mesmo como acessar o documento.

Infelizmente não o tenho salvo aqui, então não posso enviá-lo a vocês. Tentarei fazer um resumo daquilo que me lembro para postar aqui em breve, ok? Estou muito ocupada, então pode demorar um pouquinho, mas virá!

Beijos e abraços a todos,

Luiza

domingo, 28 de agosto de 2011

Depoimento do Primeiro Colocado no CACD 2011

Oi gente,

O Bruno Rezende, primeiro colocado do CACD desse ano, fez  um guia ótimo sobre seus estudos para o CACD 2011. Ele é super jovem, tem apenas 22 anos, é formado em Relações Internacionais pela UnB.

Achei a iniciativa do Bruno sensacional. Nesse documento, ele fez um guia com toda a sua preparação e com dicas super relevantes sobre leituras, aulas, cursinhos, etc. A preparação dele foi curta e super pragmática, então, acho que é muito válido que todos leiam esse guia, sobretudo aqueles que se veem bastante perdidos em meio aos estudos. 

Além disso, o Bruno dedicou uma parte do seu guia a esclarecimentos sobre a Carreira Diplomática, o que é muito legal para todos aqueles que se interessam pela profissão e que têm dúvidas acerca da rotina de trabalho, das divisões, do funcionamento do ministério e da vida de um diplomata. 

No final, ele faz uma relação com recomendações de leitura que acho que podem ser muito úteis a todos.


Fica a dica! 

Beijos e bom fim de domingo a todos,

Luiza

sábado, 27 de agosto de 2011

CACD 2011: parabéns aos novos diplomatas!

Oi gente,

Sei que estou MUITO ausente, mas, como sempre, estou na correria. Voltei a fazer várias aulas e isso vem consumindo muito do meu tempo. Sei que abandonei o blog, mas não esqueci de vcs. rs.

Fiquei bastante contente com o resultado do CACD 2011. Várias pessoas aqui de Brasília foram aprovadas, incluindo três grandes amigos meus e vários conhecidos. Queria parabenizar a todos que foram convocados e a todos os demais que também foram aprovados. 

Esse ano foi uma confusão em função da redução do número de vagas e dos números do edital. Acabaram sendo aprovadas 60 pessoas, mas apenas 26 foram convocadas. Uma pena, uma vez que o Ministério realmente poderia usar mais pessoas e que muita gente boa está entre esses 60. Enfim, coisas da vida. De qualquer maneira, meus parabéns a todos os aprovados e a todos os convocados. 

As notas nesse ano foram muito altas, algo impressionante. Nos anos anteriores, os primeiros colocados em geral ficavam com 400 pontos, em média. Nesse ano, o primeiro colocado ficou com 600 e algo, ou seja, 200 pontos a mais do que os primeiros colocados dos outros anos. Se o TPS teve notas baixas, as demais fases deste ano tiveram notas supreendentes. Ah, vale ressaltar também que o primeiro colocado desse ano é daqui de Brasília e tem apenas 22 anos, algo ultra surpreendente! rs.

As provas de francês e espanhol fizeram toda a diferença nesse CACD. Muita gente que estava muito bem colocado somando a segunda e a terceira fases acabou caindo muito em função das notas da quarta fase de línguas. Percebe-se que, cada vez mais, as línguas estrangeiras vão fazer toda a diferença no concurso. Assim sendo, todo mundo começando francês e espanhol ontem! 

Apesar de algumas questões tensas, Geografia e Direito foram as provas que tiveram as notas mais altas. História do Brasil, em compensação, foi uma das provas que teve notas mais baixas. Talvez em função da questão de fronteiras com a Guiana e da questão das relações Brasil-Argentina no período Castello Branco, que pegaram muita gente. De qualquer maneira, fica a dica: os temas de delimitações de fronteiras vem sendo uma constante, assim como as relações Brasil-Argentina. Vale a pena sempre ter em mãos o livro do Synésio Sampaio, "Navegantes, Bandeirantes e Diplomatas" e o do Boris  Fausto com o Francisco Devoto sobre a História do Brasil e da Argentina. 

É isso gente. Parabéns aos aprovados e muita sorte aos demais que continuam nessa jornada! Sucesso!

Beijos e abraços,

Luiza


segunda-feira, 25 de julho de 2011

Os 12 livros básicos que você tem que ler antes do TPS


Os livros que temos que ler para o CACD são tantos que, às vezes, nos perdemos. Para ajudar um pouco, resolvi fazer esse post com indicações de 12 livros que devem ser lidos antes do TPS, NO MÍNIMO. 

Não se enganem, ler esses livros, apenas, não é o suficiente, no entanto pode ser bastante útil, pois são livros que servem de base para estudos posteriores e mais profundos. Além disso, para aqueles que estão começando agora, pode ser uma boa pedida começar com esses. Vamos lá?

1) História do Brasil - Boris Fausto
2) História da Política Exterior do Brasil - Amado Cervo e Clodoaldo Buenos
3) História das Relações Internacionais Contemporâneas - José Flávio Sombra Saraiva
4) Relações Internacionais do Brasil: temas e agendas vol. 2 - Antônio Carlos Lessa
5) A Era dos Extremos - Eric Hobsbawn
6) Direito Internacional Público: Curso Elementar - Francisco Rezek
7) Direito Constitucional Esquematizado - Marcelo Alexandrino
8) Gramática da Língua Portuguesa - Escolher: Celso Cunha ou Evanildo Bechara
9) Geografia para Ensino Médio - Demétrio Magnoli
10) Geografia: Pequena História Crítica - Antônio Robert de Moraes
11) Introdução à Economia (micro e macro) - Gregory Mankiw
12) Economia Brasileira Contemporânea - Amaury Patrick Gremaud

Saliento que esses livros NÃO esgotam as matérias cobradas no concurso, mas já dão uma boa base para estudos posteriores. Além disso, ao ler esses livros, o candidato estará familiarizado com a maioria dos temas cobrados na prova. Pode ser uma boa pedida.

Um beijo e bons estudos a todos,

Luiza

domingo, 24 de julho de 2011

Visita de Patriota à África: Pragmatismo, Multipolaridade Benigna e Reforma da Ordem.



O Ministro das Relações Exteriores, Antônio Patriota, está em viagem oficial ao continente africano. O Ministro esteve em Guiné-Bissau no dia 20, em Angola nos dias 21 e 22 e na Namíbia dia 23. O Chanceler visitará, ainda, a África do Sul no dia 24, e a República da Guiné no dia 25.

A missão do Chanceler é significativa, na medida em que é a primeira visita oficial de Patriota à África Subsaariana desde sua posse como Ministro das Relações Exteriores. Na agenda da missão de Patriota, estão presentes temas como democracia, cooperação sul-sul em âmbitos diversos, inclusive no combate à AIDS, comércio e estabilidade política nos países da região. A viagem pode ser percebida como demonstração da crescente relevância política e econômica que o Brasil vem atribuindo aos parceiros do Sul. 

Durante a visita, ocorreu, em Luanda, a Feira Internacional de Angola, que contou com a presença de 26 empresas brasileiras. O evento foi relevante, uma vez que Angola é um dos maiores parceiros comerciais do Brasil na África. Além disso, o Ministro esteve presente na XVI Reunião Ordinária dos Ministros da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, no dia 22 de julho, também em Luanda, onde discutiu, com os demais ministros do países-membros da Comunidade, sobre a importância da língua portuguesa na ONU e nos Organismos Internacionais e sobre a relevância da cooperação entre os membros da CPLP nessas organizações.

Nessa cúpula, que contou com representantes de todos os países-membros da CPLP e, ainda, com representantes dos países associados, República da Guiné e Senegal, os Ministros congratularam-se pela adoção da Resolução 65/139 da Assembleia Geral das Nações Unidas, que aprofunda o relacionamento entre a ONU e a CPLP. Além disso, os Ministros ressaltaram a importância da continuidade do Plano de Ação de Brasília, que tem como objetivo a promoção e difusão da língua portuguesa, sobretudo como língua de trabalho em organizações internacionais.

A reforma do sistema das Nações Unidas também foi tema de diálogo entre os países da CPLP, sobretudo no que se refere à necessidade de uma representação permanente da África no Conselho de Segurança. Ainda na agenda, estavam, ainda, a importância do Grupo de Contato para Guiné-Bissau e a atuação específica para este país da Comissão para Consolidação da Paz das Nações unidas, uma vez que esses grupos vêm atuando para manutenção da paz em Guiné-Bissau.

A visita do Ministro ao continente africano pode ser percebida como demonstração do pragmatismo crescente da política externa do governo Dilma, que mantém boas relações com os parceiros tradicionais do país, como Estados Unidos e Europa, mas que busca incrementar o perfil das relações mantidas com os países do Sul, sobretudo aqueles do continente Africano e Asiático, e fortalecer a proposta de reforma da ordem.

Cada vez mais, a política externa brasileira pode ser percebida como instrumento para a implementação do que o chanceler Patriota chamou de "multipolaridade benigna". Por esse conceito, entende-se que a multipolaridade é uma realidade internacional desde o fim da Guerra Fria, mas não basta que ela exista, é preciso que ela seja benéfica aos países, sobretudo aos menos desenvolvidos. Missões como essas são de suma importância, na medida em que consolidam as relações do Brasil com parceiros do Sul e em que promovem a cooperação e o comércio entre os países. Nesse sentido, verifica-se a contribuição brasileira com a difusão das benesses que a multipolaridade pode prover. 


Fontes de informações:
- Sítio do Ministério das Relações Exteriores
- Sítio da Agência AIDS de notícias
- Folha de São Paulo

sábado, 23 de julho de 2011

Férias.



Queridos,

Estou de férias das aulas, graças a Deus. Confesso que estou precisando. Passado o TPS, tem sido um pouco difícil recuperar o ritmo de estudos, mas percebo que isso tem acontecido com a maioria de meus colegas, o que me deixa um pouco menos culpada rs.

É um pouco difícil recuperar o ânimo e as energias para aprofundar ainda mais em todo aquele conhecimento que já vimos antes. É, de fato, uma provação, um desafio que requer força de vontade e, sobretudo, muita humildade. Humildade para reconhecer que não sabemos tudo que achávamos que sabíamos e para estudar tudo, uma vez mais.

O estudo para a Carreira é prazeroso. Ele envolve conhecimentos múltiplos em áreas interessantes e coerentes. Tudo o que estudamos mantém uma relação em algum momento, o que facilita os estudos e torna-os muito atraentes. Apesar disso, a caminhada não é menos complexa. Exige-nos conhecimentos demasiadamente profundos, detalhes demasiadamente detalhados sobre os temas, o que, nem sempre, mede o real conhecimento dos candidatos. Por isso a humildade. Humildade para reconhecer que não saberemos tudo sempre e para reconhecer que, apesar de todo o nosso esforço, não podemos controlar o rumo das coisas. 

Aprendi, nesse último ano, que é fundamental ser autoconfiante, persistente, mas modesto. Nesse meio de estudos diplomáticos, sempre haverá pessoas que sabem mais que você, que estudaram mais que você e que irão melhor que você. É preciso perseverar e buscar o seu melhor, mas sempre com a consciência de que é preciso estudar para si, a fim de aprofundar seus conhecimentos, e não para provar seu conhecimento aos demais. Creio que é melhor ser uma pessoa discreta e ser bem sucedido na prova do que tentar provar seus conhecimentos em demasia e não suceder. 

Bom, é sobre isso que tenho refletido aqui, em férias, ao repor minhas energias e ânimos para, em breve, retornar à caminhada; no entanto devo confessar que trouxe alguns (muitos) livros comigo rs. No momento, tenho lido "A Era dos Extremos" em inglês e um pequeno livreto em francês sobre o Saint Empire Romain Germanique. Estou adorando ;)

Uma vez mais, agradeço ao carinho de todos os leitores. Não sei descrever o quão feliz fico ao receber os emails de vocês. Obrigada!

Um grande beijo,

Luiza 

sábado, 16 de julho de 2011

quarta-feira, 13 de julho de 2011

Discurso proferido pelo Ministro das Relações Exteriores Antônio Patriota no Conselho de Segurança da ONU sobre o Sudão do Sul

Olá gente,

Coloco aqui para vocês o discurso proferido pelo nosso Chanceler Patriota, no Conselho de Segurança da ONU, sobre a posição do Brasil em relação à independência do Sudão do Sul e em relação à entrada deste na Organização. O discurso está disponível no site do Ministério das Relações Exteriores (www.itamaraty.gov.br).

Acho que vale ler! Grifei as partes que acho que devem ser lembradas. ;)

Abraços.

Discurso do Ministro Antonio de Aguiar Patriota na sessão do Conselho de Segurança sobre o ingresso do Sudão do Sul na ONU - Nova York, 13 de julho de 2011


Mr. President,

I congratulate you for promoting this historic session on the recommendation for admission of a new Member State to the United Nations, the Republic of South Sudan.

I thank the Secretary-General for his briefing and extend my greetings to H.E. Mr Riek Machar, Vice-President of the Republicof South Sudan, as well as H.E. Mr. Ali Ahmed Karti, Minister of Foreign Affairs of Sudan.

In expressing its support for South Sudan’s application to UN membership, Brazil renews its historical and cultural bonds withAfrica as well as its commitment to the Continent’s economic, social and political development. We look forward to the promotion of solid relations with the South Sudanese authorities and people, which we believe will yield benefits to both our nations. Brazil is ready to cooperate with South Sudan in areas that may contribute to its sustainable development.

An important step was taken with the visit by the Brazilian Vice-Minister for African Affairs, representing President Dilma Rousseff in the Independence Day ceremonies that took place in Juba on July 9th, and the establishment of diplomatic relations that very day. Our representative was honoured to have participated in a historic event that reflected the self-confidence of the South Sudanese people, as they celebrated the hard-earned opportunity for building a brighter future.

Mr. President,

It is an honor for me to address the Security Council on an occasion for which the UN, including this Council, played a significant role. This accomplishment builds on a track record of involvement in the region, made of often creative and courageous undertakings: I recall, particularly, “Operation Lifeline Sudan”, which brought relief to many thousand of civilians in need. This operation, as Brazil understands it, is a lasting example of the concept of “responsibility to protect” put to use with a broader perspective, one that doesn’t necessarily involve military means.

Brazil presided over this Council in March 2005, when the United Nations Mission in Sudan (UNMIS) was established to assist the parties to implement the Comprehensive Peace Agreement. More recently, the Council held a session to welcome the peaceful conduct of the referendum in which the South Sudanese people chose to establish an independent State.

Today, we meet to celebrate the implementation of that decision. Tribute must be paid, first and foremost, to the two parties to the Comprehensive Peace Agreement.

The authorities and the peoples of the Republic of South Sudan and of the Republic of Sudan demonstrated political courage in working towards this moment. They proved wrong those who thought they could not work together for common goals. They remind this Council that it can discharge its responsibilities under the Charter through negotiated diplomatic solutions.

We must also recognize the leadership role played in the early negotiations by the Intergovernmental Authority for Development (IGAD) and the central role played by the African Union throughout the process that led to the Comprehensive Peace Agreement. The African Union has given proof of its ability to engage actors on a complex, lenghty process, one that tested the resilience of its institutions. We believe that the AU is an example of political integration that offers important lessons to other areas of the world; in South America, attention is certainly being paid to the African example by members of UNASUR.

Many other international actors, including NGOs, deserve credit for their contribution to the successful implementation of the referendum and the transition to an independent South Sudan.

Mr. President,

As we celebrate South Sudan’s independence, we must not forget the many challenges that still lie ahead. Brazil strongly encourages the leaders to settle their remaining differences through peaceful means and to put their long-term interests ahead of other considerations.

We encourage the Parties to redouble their efforts to reach agreements on all outstanding issues, particularly on the final status of Abyei, on settling the North-South border, on wealth-sharing arrangements and on the immediate and unconditional cessation of hostilities in South Kordofan.

Brazil believes that the vision of a democratically transformed Sudan can continue to inspire both countries. The leaders of South Sudan, who have endured a long struggle for autonomy, will certainly see the importance of ensuring that this achievement translates itself into improved living conditions for all South-Sudanese.

This perspective should also apply to the situation in Darfur. We welcome the Doha Draft Document for Peace in Darfur and its endorsement by the All Darfur Stakeholders Conference as positive steps. We commend the Government of Qatar and the AU-UN Joint Mediation Team for their efforts and will continue to support the parties in this process.

Mr. President,

As the Security Council stated last February, security and development are closely interlinked, and mutually reinforcing for attaining durable peace.

As both Sudan and South Sudan continue to face the challenges of nation-building, the international community should increase its support to both Juba and Khartoum.

We are glad to note that ECOSOC and the Peacebuilding Commission have started to consider how best to assist the Sudanese people. We are also pleased that Resolution 1996, which established the United Nations Mission in the Republic of South Sudan (UNMISS), envisages the kind of coherent and integrated support to post-conflict countries called for in Presidential Statement 4 of 11th  February last, adopted under Brazilian Presidency.

Brazil encourages those that have not yet done so to take steps to normalize economic relations with the Sudanese. We support calls for debt relief. We also urge all development partners to step up bilateral and multilateral support.  In the context of the IBSA group, BrazilIndia and South Africa are negotiating three cooperation projects that that we believe will benefit the people of South Sudan; the three countries also intend to work, within the framework of the IBSA Fund, with Sudan.

As part of Brazil’s renewed engagement with the African Continent, our relations with the Republic of Sudan have intensified in the past few years. Bilateral cooperation projects and private partnerships, which aim at developing the country’s potential in the area of agriculture, are underway. In 2009, Sudan became the first country in its region to produce and export ethanol with Brazilian technology. Other promising projects involve cotton and soya.

We are convinced that agriculture can also play a pivotal role in the future of South Sudan. As we are all aware, the country has immense potential in terms of land, climate, and human resources. In our bilateral meetings, the authorities of South Sudan have indicated that agriculture will be a priority. Given the potential of both countries, efforts towards promoting rural development in Sudan and South Sudan can benefit the whole Northeast of Africa, where food security remains a challenge.

Mr. President,

The independence of South Sudan is an event that evokes many of the traits in the African spirit which we have come to respect and admire: endurance, courage, patience. As the new nation embarks on a journey to build a free, democratic and peaceful home for its deserving people, South Sudan will need the active support of the United Nations and its individual members. Brazil looks forward to playing its part.

Thank you, Mr. President.

terça-feira, 12 de julho de 2011

Desabafo: nada a temer.



Oi gente,

Depois de muito tempo escrevendo apenas artigos impessoais sobre temas relevantes, resolvi dar um alô aqui e falar um pouco do aleatório. 

Algumas pessoas já vieram me perguntar por que eu tinha criado o Blog e por que eu me esmerava em dar dicas para aqueles que seriam, em algum momento, meus "concorrentes". Apesar de não ser a maioria das pessoas que faz isso, já me disseram que eu devia tirar o blog do ar, não dar dicas, etc. etc. Após uma vez, duas vezes, parei para refletir sobre isso... 

Engraçado, nunca vi esse Blog como ameaçador e seus leitores como "concorrentes". Vejo todos como colegas, companheiros com quem gosto de compartilhar informações, trocar ideias, dar e receber dicas. Adoro escrever, aqui, no blog, postar meus artigos, algumas ideias É um exercício legal até pra mim. Enfim, por que não fazer? Não há nada a temer.

De verdade, nunca pensei no blog desse jeito. Vejo aqueles que me leem e aqueles que me pedem dicas como futuros colegas, como pessoas que, assim como eu, querem fazer alguma diferença mediante a carreira diplomática. Creio que o caminho para a carreira é muito único, e eu fico muito feliz em poder ajudar, ainda que um pouquinho, nesse caminho, que é um pouco árduo de vez em quando.

Além disso, o blog também me ajuda. Há muito que ainda não sei e muito que ainda descubro, e fico muito feliz quando aqueles que frequentam esse espaço corrigem alguma informação, me mandam dicas por email, compartilham alguma descoberta. É uma via de mão dupla. 

Bom, é isso. Só queria dizer que adoro o blog e adoro os meus leitores. Obrigada por fazerem parte do meu caminho e me deixarem fazer parte do de vocês.

Um beijo,

Luiza 


domingo, 10 de julho de 2011

Sudão do Sul: independência e reconhecimento internacional



Ontem, dia 09 de julho de 2011, o Sudão do Sul proclamou-se independente. Esse evento põe fim a mais de 40 anos de guerra civil entre o norte e o sul do Sudão, que tinha conflitos, majoritariamente, em torno de questões referentes às crenças religiosas e aos recursos disponíveis na região. 

Durante os séculos XIX e XX, o Sudão foi dominado por egípcios e britânicos, e apenas conseguiu alcançar sua plena libertação dos ingleses em 1956, na segunda onda de descolonizações. País formado por cristãos e muçulmanos, o Sudão era importante fonte de matérias primas estratégicas.

Em função da proclamação da independência, iniciaram-se choques entre habitantes do Norte e do Sul,  entre os islâmicos e não islâmicos. Os conflitos localizaram-se majoritariamente na região Sul do país, em Darfur, região rica em Petróleo.

O conflito em Darfur deu-se, sobretudo, em função dos anseios por liberdade dos moradores dessa região. Especialmente após a imposição da Sharia (leis islâmicas rigorosas) no país, os habitantes do Sul, que são cristãos, ou fugiram ou iniciaram movimentos de rebeldia. Com isso, o conflito teve início. Forças do Norte entraram em choque com os rebeldes do Sul e levaram à morte de milhares de pessoas. O fato mais polêmico está em que o governo do país era Muçulmano e, logo, apoiava as forças de milícias que cometiam atrocidades contra os sudaneses do sul.

Em 2005, 12 anos após a deflagração de uma sangrenta guerra civil, foi assinado um Acordo Abrangente de Paz, que poria fim ao conflito e estabeleceria a paz entre os rebeldes do Sul e as forças governamentais e de milícias do Norte, no entanto as agressões continuaram a ocorrer, apesar do sucesso das negociações. Em 2005, também foi assinada a Constituição do Sudão do Sul, que previa a realização de um plebiscito em 2011, a fim de decidir sobre a soberania do país ou sua permanência dentro do Sudão.

Em janeiro de 2011, o plebiscito foi realizado e 99% da população local decidiu sobre a independência do Sul do Sudão em relação ao Norte. Na sexta feira última, o presidente do Sudão, Omal Al-Bashir, reconheceu a independência do Sudão do Sul e a proclamação oficial ocorreu ontem, dia 09 de julho de 2011. Destaca-se que, apesar da independência, as fronteiras entre os dois países ainda não foram totalmente definidas. 

Ressalta-se que, apesar de possuir grandes reservas de Petróleo, o Sudão do Sul nasce como um dos países mais pobres do mundo, por ter altas taxas de mortalidade infantil e de analfabetismo, sobretudo entre as mulheres. Apesar desses problemas, muitas pessoas originais da região que moravam no Norte estão voltando, a fim de estabelecer formalmente o vínculo de nacionalidade com esse novo país, uma vez que o governo de Cartum vem revogando a nacionalidade dessas pessoas. 

O Brasil saudou, prontamente, a independência do Sudão do Sul. O reconhecimento de Estado e de Governo do novo país pelo Brasil foi efetuado no mesmo dia, mediante o estabelecimento de relações diplomáticas, em conformidade com a Convenção de Viena sobre Relações Diplomáticas de 1961. O país reiterou, ainda, sua disposição em cooperar e em auxiliar o novo país a alcançar seu pleno desenvolvimento. 

sexta-feira, 8 de julho de 2011

Aniversário de 20 anos da ABACC: uma história de sucessos e conquistas



No dia 18 de julho de 2011, a Agência Argentino-Brasileira de Contabilidade e Controle completará 20 anos de existência. Criada em 1991, mediante o Acordo de Guadalajara entre a República Federativa do Brasil e a República Argentina para o Uso Exclusivamente Pacífico da Energia Nuclear, a Agência tem como objetivo assegurar que as instalações nucleares nos territórios do Brasil e da Argentina sejam usados apenas para fins pacíficos que envolvam energia e pesquisa. 

A ABACC é marco importante no que se refere à cooperação entre Brasil e Argentina, pois permite a fiscalização mútua de instalações. Além disso, a agência é reconhecida internacionalmente por representar o uso responsável e pacífico da energia nuclear. Em 1991, mesmo ano da criação da agência criação, a ABACC e seus dois países criadores assinaram com a Agência Internacional de Energia Atômica, a guardiã nuclear da ONU, o Acordo Quadripartite, que assegura que os programas de ambos os países estão sob o sistema duplo de salvaguardas. Consequentemente, a fiscalização pelas duas agências funciona com base nos princípios das conclusões independentes, ou seja, ambas as agências avaliam as instalações brasileiras e argentinas e chegam a conclusões independentemente. Em caso de conflito, prevalecem as constatações da AIEA.

Recentemente, o Brasil, em função da existência da ABACC e do Acordo Quadripartite dessa agência e desse país com a AIEA e a Argentina, alcançou conquista significativa no que se refere ao regime internacional de desarmamento e não-proliferação. O Brasil, parte do Tratado de Não-Proliferação Nuclear desde 1998, e, também do Grupo de Supridores Nuclares, NSG desde 1996, sofria algumas limitações em relação à aquisição e transferência de tecnologias por não ser signatário do Protocolo Adicional do Tratado de Não Proliferação Nuclear, Protocolo esse datado de 1997 e que enrijecia as normas de fiscalização da agência internacional nas instalações dos países signatários. 

A conquista brasileira se deu em função do reconhecimento pelo NSG, em sua 21ª reunião em junho de 2011, de que a existência da ABACC como mecanismo de contabilidade e controle mútuo entre Brasil e Argentina e sua parceria com a AIEA são suficientes para assegurar o uso exclusivamente pacífico da energia nuclear pelo Brasil e para servir como critério alternativo ao Protocolo Adicional sugerido pela AIEA. 

Assim sendo, o Brasil terá acesso desimpedido às tecnologias sensíveis, uma vez que cumpre os mais elevados padrões de proteção física e de fiscalização de suas instalações, em conjunto com a Argentina, ABACC e AIEA.

A história da ABACC é permeada por conquistas não apenas no que se refere ao uso pacífico da energia nuclear e da parceria com a Argentina, mas também por tornar a agência e a iniciativa brasileiro-argentina um exemplo de sucesso que pode ser seguido em outras regiões do mundo, ao demonstrar que é possível criar modelos alternativos de controle igualmente que são confiáveis e comprometidos com a paz. 

terça-feira, 5 de julho de 2011

Itamar Franco: Homenagem e Retrospectiva



Recentemente, Itamar Franco, ex-presidente da República, faleceu. Itamar foi importante político brasileiro, que atuou não apenas como Presidente da República, mas como vice-presidente, como Senador e como Governador do Estado de Minas Gerais. 

Ao assumir a Presidência da República em 1992, Itamar Franco encontrou o país em delicada situação. O presidente de quem era vice, Fernando Collor de Melo, fora deposto por um impeachment e a situação política do país era complexa. Na política externa, Collor implementara importantes medidas, como a assinatura do Tratado de Assunção que constituíra o Mercado Comum do Sul, mas, ao mesmo tempo, cedera grande parte da autonomia decisória do país, sobretudo em assuntos econômicos, ao abrir demasiadamente os mercados nacionais, privatizar empresas brasileiras e implementar as medidas do Consenso de Washington. 

Itamar Franco e seu Chanceler Celso Amorim optaram por adotar uma vertente de política externa que estabilizasse a situação econômica nacional. As chamas "Polaridades Indefinidas" regiam sua atuação internacional em um mundo pós-Guerra Fria e pós-URSS. O importante não seria o alinhamento ideológico ou o ocidentalismo, mas em função das metas definidas para a PEB.

De acordo com Vigevani e Cepaluni, no governo Itamar, a redefinição dos objetivos a serem percorridos envolveu ativamente o Ministério da Fazenda sob a chefia de Fernando Henrique Cardoso, sobretudo quando a adesão a valores prevalecentes no cenário internacional era traduzida em ações em busca de estabilidade econômica. 

Durante a gestão Franco, o Brasil aderiu à Ata de Marakesh que criou a OMC em 1994 e consolidou a Tarifa Externa Comum do Mercosul mediante o Protocolo de Ouro Preto. Além disso, o país participou da Cúpula de Miami que discutiu pela primeira vez nas negociações da Área de Livre Comércio das Américas, a ALCA. Além disso, durante seu governo o Brasil finalmente ratificou o Tratado de Tlatelolco de 1967, que proscrevia o uso de armas nucleares na América Latina. Para Vigevani e Cepaluni, essa atuação brasileira consolidou a estratégia da "autonomia pela participação", que viria a se consolidar plenamente no governo Cardoso subsequente. 

No plano doméstico, Itamar Franco atuou politicamente desde antes da redemocratização do Brasil. Era político filiado ao MDB, partido da oposição ao ARENA, que era o partido de apoio ao regime militar. Após o retorno do pluripartidarismo em 1985, filou-se ao PMDB, partido que sucedeu o MDB, uma vez que não era permitido aos partidos manter o mesmo nome de antes.

O governo de Itamar Franco é lembrado por sua atuação na Constituinte de 1987, que confeccionou a Constituição Cidadã de 1988, por ter efetuado o plebiscito sobre a forma de governo do Brasil em seu governo, na qual venceu a República Presidencialista, e por ser o presidente responsável pelo lançamento do Plano Real, que efetivamente estabilizou a economia brasileira e lançou uma nova moeda com credibilidade suficiente para acumular as funções de reserva de valor, unidade de conta e meio de troca permanentemente. 

Posteriormente à sua presidência, Itamar atuou como Embaixador do Brasil em Lisboa, na OEA e em Washington. 

Apesar da curta duração de sua presidência, Itamar Franco tem uma história de vida que é indissociável da política brasileira e da luta pela democratização e estabilidade do país. O ex-presidente, ex-embaixador, ex-senador e ex-governador será sempre lembrado por nós com respeito e admiração por seus feitos como político e como homem.