domingo, 20 de dezembro de 2009

Brasil, Argentina e as complicadas relações da AMSUL.

Bom, hoje começo de fato a escrever sobre o caminho que irei percorrer durante um ano até a prestação oficial do concurso para a admissão à Carreira Diplomática. No final do ano que vem me formo na faculdade e, seguindo meus sonhos, pretendo entrar direto na Diplomacia, por isso esse ano vai ser de muito estudo!!!! Além disso ainda tem que sair uma Monografia aí no meio... rs

Atualmente estou de férias na casa dos meus pais, em Petrópolis, onde comecei a estudar mais seriamente, sem aquele lance do "estou lendo aos poucos", afinal, isso não adianta nada! A gente sempre esquece tudo depois...
Me propus uma meta de ler ao menos 100 páginas por dia, independentemente do livro ou do tempo que levarei pra fazer isso. Achei uma boa meta, já que terei dois meses de férias e isso vai dar aproximadamente 6 mil páginas, o que é um número razoável... rsrsrs
Resolvi começar com História Geral. Eu sempre começava por História do Brasil, propriamente dita ou da PE, e tinha uma certa dificuldade, então resolvi começar dessa vez com História Geral - pelo manual do candidato mesmo - e está sendo muito útil! Ao mesmo tempo estou lendo o "Brasil, Argentina e Estados Unidos", do Moniz Bandeira, que é excelente.
O livro dá uma noção muito boa tanto de HPEB quanto de História Geral, uma vez que ele embasa e conecta bem os acontecimentos em escala global, mas direciona bastante pras relações latino-americanas. A obra possui uma vertente não muito objetiva, e fica claro no livro que o autor não é das pessoas mais favoráveis à influência americana (o prefácio do ex-SG Samuel Pinheiro então, é pouquíssimo objetivo). No entanto, o cara, que estudou 30 anos para publicar esse livro, fala como ninguém das relações entre o Brasil e a Argentina no contexto sul-americano.
Do que eu lí até agora, ressalto a imporância de se compreender o desfecho que a Guerra do Paraguai (ou da Triplice Aliança 1865-1870) trouxe para as relações entre os dois países, uma vez que a partir daí que a Argentina se consolidou como potência na região, sendo diretamente apoiada e influenciada pela GB, potência a quem ela passou a fornecer grandes quantidades de carne e produtos agrícolas, enquanto o Brasil saiu prejudicado por perder não apenas inumeros homens como por comprometer as finanças brasileiras, que iam tão bem anteriormente em função das exportações de café aos EUA.
A Argentina, em contrapartida, se tornou a principal potência da região, fornecendo suprimentos aos excéritos dos países aliados. Dessa maneira, a Argentina passou a se modernizar militarmente cada vez mais, uma vez que estava em condições econômicas melhores, passando a frente do Brasil, o que acabou por gerar certa rivalidade entre ambos, apesar de sua complementariedade econômica.
Um fato muito interessante que o autor ressalta é o de que a corrida armamentista continuava entre os dois países apesar de não haver iminente risco de guerra. Isso acontecia em grande medida por influência das indústrias de material bélico, sejam alemãs, francesas ou britânicas, que competiam por mercados na América Latina a fim de consolidar mercados. Os grandes atritos entre os dois países, ao longo do tempo, vieram em grande escala daí.
Além disso outro ator é muito importante na história dos dois países, que não os EUA: o Chile. O Chile que saiu fortalecido após a Guerra do Chaco contra o Peru e a Bolívia, se tornou também uma das grandes potências regionais, possuindo grande força militar e principalmente naval. Motivo este pelo qual a Argentina possuia grande receio de ficar comprimida entre as duas potências, adotando sempre políticas flexíveis com um quando as relações com o outro se deterioravam.
A Argentina no entanto, soube como aproveitar-se de sua posição patrocinando a revolução no paraguai de modo a tê-lo a sua volta, enquanto o Brasil nada fez e ainda saiu enfraquecido militarmente após a Revolta da Armada, em 1893.
Bom, após esse breve desenho do cenário durante os anos de 1865 a 1893 fica claro ver que já se configurava na região uma propensão às tensões entre ambos os países. Apesar de oscilarem em função dos governos, havia, na maio parte do tempo, uma desconfiança permanente entre ambas as nações, estimulada pelas grandes potências, e podemos observar que isso permanece até hoje.
A América Latina sempre se mostrou muito atraente às grandes potências. Em um primeiro momento por sua grande atratividade no que se referia às matérias primas e mercados consumidores, e, após os processos de independência, continuaram a ser vistas como zonas de influência de escomanento das produções daqueles países industrializados. Apesar de grande esforço norte-americano para estabelecer aqui sua hegemonia, podemos observar que até sua consolidação como potência após a Primeira Grande Guerra, os países europeus possuíam muito poder nas relações sulamericanas, seja por serem grandes patrocinadores de manobras efetuadas por esses países, como por serem ainda os grandes compradores de seus produtos agrícolas.
Acho que em alguma medida isso ainda permanece até hoje. É dificil se desvincular da influência das potências na América Latina, em maior parte, penso eu, por uma questão não só de hábito como de receio. Hábito que advém dos tempos onde só as potências  tinham condições de comprar nossas produções e mercados perdidos nesses países represetavam o fracasso. Receio de perder não só os mercados, mas também o apoio daqueles que foram e ainda creem ser as maiores economias e potências militares do mundo.
A meu ver, acho que a América do Sul precisa se libertar de tais paradigmas e se fortalecer unida, por mais difícil que isso seja e por mais complexo que pareça, principalmente quando se estuda a conturbada história de conflitos na região.
Bom, acho que me empolguei!!! Ainda tenho que continuar com as minhas leituras diárias pois já são 20h e hoje eu só lí umas 50 páginas... Still have a long way to go!
Foi um prazer compartilhar ideias com vocês! Espero que sirva de algo... E se não servir, pelo menos eu gostei de escrever!!! rsrsrs

Beijos e boa noite.

LDA

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