domingo, 10 de julho de 2011

Sudão do Sul: independência e reconhecimento internacional



Ontem, dia 09 de julho de 2011, o Sudão do Sul proclamou-se independente. Esse evento põe fim a mais de 40 anos de guerra civil entre o norte e o sul do Sudão, que tinha conflitos, majoritariamente, em torno de questões referentes às crenças religiosas e aos recursos disponíveis na região. 

Durante os séculos XIX e XX, o Sudão foi dominado por egípcios e britânicos, e apenas conseguiu alcançar sua plena libertação dos ingleses em 1956, na segunda onda de descolonizações. País formado por cristãos e muçulmanos, o Sudão era importante fonte de matérias primas estratégicas.

Em função da proclamação da independência, iniciaram-se choques entre habitantes do Norte e do Sul,  entre os islâmicos e não islâmicos. Os conflitos localizaram-se majoritariamente na região Sul do país, em Darfur, região rica em Petróleo.

O conflito em Darfur deu-se, sobretudo, em função dos anseios por liberdade dos moradores dessa região. Especialmente após a imposição da Sharia (leis islâmicas rigorosas) no país, os habitantes do Sul, que são cristãos, ou fugiram ou iniciaram movimentos de rebeldia. Com isso, o conflito teve início. Forças do Norte entraram em choque com os rebeldes do Sul e levaram à morte de milhares de pessoas. O fato mais polêmico está em que o governo do país era Muçulmano e, logo, apoiava as forças de milícias que cometiam atrocidades contra os sudaneses do sul.

Em 2005, 12 anos após a deflagração de uma sangrenta guerra civil, foi assinado um Acordo Abrangente de Paz, que poria fim ao conflito e estabeleceria a paz entre os rebeldes do Sul e as forças governamentais e de milícias do Norte, no entanto as agressões continuaram a ocorrer, apesar do sucesso das negociações. Em 2005, também foi assinada a Constituição do Sudão do Sul, que previa a realização de um plebiscito em 2011, a fim de decidir sobre a soberania do país ou sua permanência dentro do Sudão.

Em janeiro de 2011, o plebiscito foi realizado e 99% da população local decidiu sobre a independência do Sul do Sudão em relação ao Norte. Na sexta feira última, o presidente do Sudão, Omal Al-Bashir, reconheceu a independência do Sudão do Sul e a proclamação oficial ocorreu ontem, dia 09 de julho de 2011. Destaca-se que, apesar da independência, as fronteiras entre os dois países ainda não foram totalmente definidas. 

Ressalta-se que, apesar de possuir grandes reservas de Petróleo, o Sudão do Sul nasce como um dos países mais pobres do mundo, por ter altas taxas de mortalidade infantil e de analfabetismo, sobretudo entre as mulheres. Apesar desses problemas, muitas pessoas originais da região que moravam no Norte estão voltando, a fim de estabelecer formalmente o vínculo de nacionalidade com esse novo país, uma vez que o governo de Cartum vem revogando a nacionalidade dessas pessoas. 

O Brasil saudou, prontamente, a independência do Sudão do Sul. O reconhecimento de Estado e de Governo do novo país pelo Brasil foi efetuado no mesmo dia, mediante o estabelecimento de relações diplomáticas, em conformidade com a Convenção de Viena sobre Relações Diplomáticas de 1961. O país reiterou, ainda, sua disposição em cooperar e em auxiliar o novo país a alcançar seu pleno desenvolvimento. 

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