segunda-feira, 25 de abril de 2011

Alguma poesia...

Oi gente,

Espero que vocês estejam bem. Peço desculpas a todos por não ter respondido os emails e comentários, mas o tempo está corrido demais para mim. Em breve darei mais atenção a todos.

Eu estou aqui, às voltas com redações, estruturação de texto, teses, análises, sínteses, capacidades cognitivas, introduções e conclusões... rsrs. Confesso que isso tem me deixado um pouco pirada. Sempre me achei uma pessoa criativa na escrita, mas tenho me visto em uma situação inesperada. Venho me deparando com as dificuldades da redação para concursos. As limitações impostas ao candidato, muitas vezes, tolhem nossa criatividade e aprender a lidar com isso é um verdadeiro desafio. Dizem, todavia, que a perfeição leva à prática e, portanto, é preciso não desistir. Vamos lá...

Tenho lido muitas coisas, a fim de me inspirar e de me deixar permear mais pela nossa literatura. De Nabuco a Drummond, a literatura brasileira consegue ser tão rica, tão diversa, tão expressiva que chega a ser surpreendente. Comprei, há alguns dias, um livro de Drummond, e confesso que me apaixonei. Nunca antes havia lido um livro inteiro dele, mas apenas aqueles poemas mais clássicos, como "No meio do caminho" ou "Quadrilha". O autor, no entanto, possui uma diversidade de poesias que encanta.Seja por sua graça ou pela reflexão que incitam no leitor, os escritos de Drummond mexem com nossa essência.

Vou colar alguns que mais gosto aqui para vocês, apenas para compartilhar algumas das gostosas risadas que dei ao ler a obra desse nosso poeta mineiro. 


Cidadezinha qualquer


Casas entre bananeiras
mulheres entre laranjeiras
pomar amor cantar.


Um homem vai devagar.
Um cachorro vai devagar.
Um burro vai devagar. 
Devagar... as janelas olham.


Eta vida besta, meu Deus.




Política literária


O poeta municipal 
discute com o poeta estadual
qual deles é capaz de bater o poeta federal.


Enquanto isso o poeta federal
tira ouro do nariz.




Papai Noel às avessas


Papai Noel entrou pela porta dos fundos
(no Brasil as chaminés não são praticáveis),
entrou cauteloso que nem marido depois da farra.
Tateando na escuridão torceu o comutador
e a eletricidade bateu nas coisas resignadas,
coisas que continuavam coisas no mistério do Natal.
Papai Noel explorou a cozinha com olhos espertos,
achou um queijo e comeu.


Depois tirou do bolso um cigarro que não quis acender.
Teve medo talvez de pegar fogo nas barbas postiças
(no Brasil Papai-Noéis são todos de cara raspada)
e avançou pelo corredor branco de luar.
Aquele quarto é o das crianças.
Papai Noel entrou compenetrado.


Os meninos dormiam sonhando com outros natais muito mais lindos
mas os sapatos deles estavam cheinhos de brinquedos
soldados mulheres elefantes navios
e um presidente da república de celulóide.


Papai Noel agachou-se e recolheu aquilo tudo
no interminável lenço vermelho de alcobaça. 
Fez a trouxa e deu o nó, mas apertou tanto
que lá dentro mulheres elefantes soldados presidente brigavam
                                                                [por causa do aperto.
Os pequenos continuavam dormindo.
Longe um galo comunicou o nascimento de Cristo. 
Papai Noel voltou mando para a cozinha,
apagou a luz, saiu pela porta dos fundos.


Na hora, o luar de Natal abençoava os legumes.


Esperteza


Tenho vontade de
- ponhamos amar
por esporte uma loura 
o espaço de um dia.


Certo me tornaria
brinquedo nas suas mãos.


Apanharia, sorriria
mas acabando o jogo
não seria mais joguete,
seria eu mesmo.


E ela ficaria espantada
de ver um homem esperto.




Bom, é isso por hoje. O dever me chama.

Um beijo,

Luiza

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