sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

O mundo após 2011: O Eclipse Europeu e a Modernização Islâmica



No ano de 2011, o mundo passou por significativas mudanças. No mundo árabe, autocracias foram depostas pela população, que clamava por democracia; no Ocidente, a crise econômica europeia recrudesceu os efeitos da crise de 2008, iniciada nos Estados Unidos. Os efeitos políticos desses acontecimentos podem parecer, inicialmente, desconexos; todavia, ao se analisar com atenção, é possível perceber que ambos os eventos levaram essas regiões a significativas reviravoltas. Verifica-se uma inversão, na qual o mundo árabe se liberaliza e o continente europeu acentua seu conservadorismo.

Com a crise econômica europeia, causada, sobretudo, por falta de coordenação de políticas econômicas entre os membros da Zona Euro e por déficits fiscais exacerbados em algumas economias mais frágeis, o modelo político de Estado de Bem-Estar Social, na Europa, foi revisto. Apesar de a população em geral ser a principal prejudicada por medidas de arrocho fiscal, a situação dos países é grave, e as imposições dos credores, como a Alemanha e o FMI, não deixam outra solução a não ser gastar menos. Com isso, partidos de extrema-direita começam a ganhar força, com suas propostas radicais de reequilíbrio econômico e de cortes acentuados de gastos, ao passo que partidos de esquerda enfraquecem-se, sobretudo por terem sido eles aqueles que não souberam lidar com as economias nacionais.

No Oriente Médio, a situação é diametralmente oposta. Após a primavera árabe, acontecimento que depôs governos democraticamente incipientes, partidos islâmicos iniciam sua ascensão ao poder, mas não com o intuito de radicalizar as políticas nacionais e, sim, de modernizá-las. Os objetivos principais desses partidos vêm sendo a garantia da liberdade à população e a atração de investimentos estrangeiros, a fim de incrementar a prosperidade econômica regional. Observa-se que, para que esse último pleito seja atingido, o Islã deve mudar sua imagem internacional, vinculada ao radicalismo e ao tradicionalismo. Em 2012, a proposta do Islã, nesses países, é mostrar que eles não rejeitam a modernidade, mas anseiam por ela. 

Mudanças politicas e econômicas são constantes na história da humanidade; no entanto, esta inversão que se observa é significativa. Os eixos políticos da Europa e do mundo árabe estão em movimentos opostos: enquanto um recrudesce, o outro se liberaliza. A Europa entra em Eclipse, uma vez mais, e o mundo árabe e outros pólos de países em desenvolvimento emergem. Alguns efeitos dessas mudanças já podem ser percebidos, sobretudo com a maior proatividade dos países árabes em fóruns econômicos internacionais, como no Fórum Econômico Mundial, em Davos, e com a diminuição do perfil de alguns países europeus. No entanto, só se poderá chegar a conclusões mais significativas no futuro próximo, após a consolidação das políticas que começam a ser implementadas, ou, então, após um retrocesso, possibilidade que não deve ser descartada. 



 

Um comentário:

  1. Olá, Luiza!
    Achei o seu blog navegando pelas páginas da web e o achei muito interessante. Continue assim pois me tornei uma nova leitora. Obrigada!
    Carol

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