quinta-feira, 24 de março de 2011

Breve retrospectiva e formatura: acabou a faculdade!



Oi queridos,

Hoje, não estou aqui para falar sobre a Líbia, sobre o CACD ou sobre a visita do Obama. Venho aqui para compartilhar com vocês um momento muito feliz da minha vida: a minha formatura da faculdade!!! Vocês que acompanham o blog por mais tempo sabem como foi intenso esse meu final de curso, no fim do ano passado, com a monografia, as aulas e o cursinho pro Itamaraty. Nesse final, a faculdade ficou em último plano e estava sendo muito cansativa, mas graças a Deus, acabou! Amanhã, assino o livro e serei uma pessoa graduada de fato e que pode ser empossada como diplomata :) Vou aproveitar esse momento legal para fazer uma breve retrospectiva do meu curso de Relações Internacionais e comentar um pouco do porquê da minha escolha.

Em 2007, entrei no curso de RI, aqui em Brasília. Escolhi esse curso por achar, como já disse a vocês, que ele seria aquele que melhor me prepararia para o Concurso do Rio Branco. De fato, o curso foi muito legal. Em meio a dificuldades iniciais, pessoais e acadêmicas (como com economia rsrs), o curso foi seguindo bem e eu tive com matérias incríveis e professores maravilhosos que me ensinaram muito do que hoje eu sei. 

Nesses meus 4 anos de faculdade, tive a oportunidade de estudar microeconomia, direito internacional público e privado, sistemas de direito comparados, português, ciência política, teoria política moderna e contemporânea, política externa brasileira, geografia das relações internacionais, história das relações internacionais, teoria das relações internacionais, sistema financeiro internacional, contratos internacionais, proteção internacional dos direitos humanos, proteção internacional do meio ambiente, direito internacional humanitário, comércio internacional e comércio exterior, economia brasileira... Caraca, nem eu tinha me dado conta de quanta coisa eu vi na faculdade! E olha que não mencionei tudo!!! Definitivamente, foi um curso maravilhoso que me deu uma cabeça totalmente aberta, para o mundo e para a vida, além de ter me dado um ótimo preparo para a prova e excelentes amigos (os melhores!).

É engraçado quando chegamos no final e olhamos pra trás. Confesso que nunca pensei que sentiria saudades da faculdade. Minha grande vontade sempre foi acabar logo para ingressar de vez nos estudos para o Rio Branco, mas, agora que acabou, confesso que bateu saudade. Os dias da faculdade, enquanto nós estamos lá e temos que aguentar as aulas, parecem não ter fim, mas, depois que eles passam, você percebe que o tempo voou, que você amadureceu, cresceu, e que a fase agora é outra.

Acho que, além dos meus amigos e dos professores, uma das coisas que mais vou sentir falta são as simulações da ONU, os MUNs. Nossa, como eu amo isso! É muito legal ser diplomata de mentirinha por alguns instantes, negociar coisas incríveis durante alguns dias e fazer amizades incríveis que têm os mesmos interesses que você. No total, participei de umas 5 ou 6 simulações, inclusive no ano passado, quando fui no meu último AMUN. Neste ano, eu adoraria ir ao Temas (simulação da ONU que acontece em BH) que vai ter o tema só de Rússia, mas, com a prova, não sei se vai rolar. De qualquer forma, é por uma boa causa né!! rsrs. Já está na hora de eu me aposentar mesmo. Deixarei as novas gerações (vocês!!!) responsáveis pelos modelos da ONU, que contagiam os estudantes de RI e revelam os jovens talentos diplomáticos. 

Como vocês sabem, tenho muita fé na realização do meu grande objetivo, que é a carreira diplomática. Por isso venho estudando nesse ritmo louco nesses últimos meses; mas devo confessas a vocês, sem hipocrisias, que às vezes bate aquele sentimento de recém-formada, do tipo, "a faculdade acabou e você não tem nada concreto; e agora?". Tento não pensar nisso, pois meu objetivo é claro e essa fase faz parte do processo pelo qual muitas pessoas já passaram, mas que às vezes bate aquele frio na barriga, ah isso bate. Acho que é normal, que todos passam por isso, mas de qualquer maneira, não tenho dado muita vazão a isso. Os desafios existem e o medo também; o importante é nunca deixar eles serem mais fortes que a nossa fé e a nossa perseverança!

Bom gente, acho que é isso. Quis dividir esse momento legal da minha vida - e da minha caminhada rumo ao IRBr - com vocês. Mais uma vez, desejo a todos aqueles que também buscam o mesmo sonho que eu a sorte, a coragem, a gana e a persistência. Todos somos capazes de alcançar nossos sonhos e de realizar nossas vocações. Nosso país e nosso mundo conta conosco ;)

Um beijo muito grande a todos,

Luiza 

domingo, 20 de março de 2011

Operação "Odisseia ao Amanhecer" na Líbia: a postura brasileira na Resolução da ONU

Queridos leitores,

Primeiramente, peço desculpas pela ausência. Com a prova tão próxima (daqui a exatas três semanas), eu realmente vou me ausentar cada vez mais. Estou revisando as coisas para a prova e tentando descansar ao máximo, para não estar desgastada no dia 10; todavia, com a situação na Lìbia e as dúvidas sobre a posição brasileira nas votações no Conselho de Segurança na ONU, resolvi escrever sobre esse tema aqui. Acho que, assim como eu, ninguém imaginou que as coisas fossem chegar a esse ponto tão rapidamente.

Desde o início da gestão da Presidenta Dilma Rousseff, foi enfatizada uma mudança na postura internacional do Brasil, sobretudo no concernente aos Direitos Humanos e às violações perpetradas por alguns atores, como o Irã e outros países do Oriente Médio. Esse ponto foi marcante para a diferenciação de Dilma em relação a Lula, e foi tido para analistas como o primeiro passo de ruptura e de autonomia da atual governante em relação à postura do antigo presidente.. Em função disso, muitas pessoas esperavam que a postura brasileira em relação aos conflitos na Líbia e nas medidas tomadas para limitar os danos à população civil fosse mais assertiva; todavia, o Brasil se absteve nas votações da Resolução do Conselho de Segurança da ONU que criava uma "Zona de Exclusão Aérea" na Líbia e o uso da força para que isso fosse seguido. Por que?

Confesso que, em um primeiro momento, também me perguntei porque o Brasil adotou tal postura, porém, após refletir um pouco, realmente observei que não faria sentido, caso o Brasil autorizasse o uso da força para estabelecer a paz na Líbia. O Brasil pauta-se, em sua política externa, por princípios norteadores, que servem como balizas para a formulação da política externa atual. Dentre esses princípios, encontram-se a não intervenção, não indiferença, solução pacífica de controvérsias e juridicismo. Esses princípios podem ser vistos na postura brasileira no CSNU, ao se abster de votar a declaração. 

Ao pautar-se pela não intervenção e pela não indiferença, o Brasil reconhece que a situação na Líbia é crítica e posiciona-se de maneira a enfatizar a necessidade de pacificação e de respeito aos direitos humanos pelo líder Muamar Kadhafi, mas posiciona-se, sobretudo, de maneira a agir em respeito quanto aos assuntos internos dos países e em conformidade com a soberania dos países, prezando pela não intervenção excessiva em assuntos domésticos. 

Ao pautar-se pela solução pacífica de controvérsias, o Brasil enfatiza que as intervenções militares devam ser usadas apenas em último caso, quando todas as demais formas de negociação forem esgotadas. Por mais que a situação esteja crítica da Líbia, o Brasil preza sempre pelo esgotamento prévio das demais formas de solução das controvérsias, antes do uso de forças militares. 

Ao pautar-se pelo juridicismo, o Brasil crê que os acordos internacionais e as normas do Direito Internacional Público devem ser seguidos sempre, e que as resoluções da ONU sempre devem ser respeitadas. 

O Brasil preferiu pautar-se pela abstenção, certamente, por basear-se nesses princípios históricos que regem as suas relações internacionais, adicionados do respeito à soberania dos demais países. Apesar de prezar pelo respeito aos Direitos Humanos, o Brasil reconhece que a soberania dos Estados deve ser respeitada e que as demais formas de resolução de controvérsias devem sempre ser esgotadas, antes do envio militar; todavia, o Brasil reconhece a urgência da resolução da situação na Líbia, onde a população civil vem sofrendo violações constantes dos Direitos Humanos. Creio eu que, por isso, a postura brasileira foi de abstenção. Ao se abster, o Brasil não está negando a resolução da ONU e a necessidade de que o conflito seja solucionado, porém também não se coloca a favor "de que todas as medidas sejam implementadas para  que a resoluçao da ONU seja seguida" no país, o que dá margem ao uso da força e contrariaria sua tradição história de pacifismo. 

Assim como o Brasil, os países membros do BRIC (Índia, China e Rússia) e a Alemanha abstiveram-se nas votações da Resolução que autorizou o estabelecimento da Zona de Exclusão Aérea e, consequentemente, o envio da Operação Odisseia ao Amanhecer. Essa postura conjunta deu mais peso à postura brasileira e colocou o país em uma situação mais confortável do que a ocorrida durante as votações das sanções contra o Irã, onde, apenas ao lado da Turquia, o Brasil se posicionou contra as medidas adotadas pelo CSNU.

Bom gente, não sei se esse post esclareceu as dúvidas de vocês. Para mim, em um primeiro momento, a postura brasileira foi um pouco contraditória, mas ao analisar melhor, pude perceber que a postura do Brasil foi coerente. Caso votássemos a favor da Resolução sobre a Líbia, o Brasil contrariaria princípios históricos que regem suas relações internacionais e indo contra sua tradição pacifista; caso se posicionasse contra a Resolução, o Brasil estaria posicionando-se contra os direitos humanos e contra a população civil. Ao se abster, o Brasil mostrou que não concorda com a atual situação na Líbia, mas que também não concorda com o uso excessivo da força para resolver a solução. Na realidade, o Brasil, segundo a imprensa brasileira, clamou por uma resolução mais pacífica e mais clara sobre a intervenção internacional, coisa que não ocorreu, para a delegação brasileira. 

Bom gente, é isso. Espero que o post tenha esclarecido algumas dúvidas. É isso que eu acho que aconteceu nessa situação, ao ler as matérias de jornal, assistir a CNN e a Globo News. rs.

Vou tentar comentar também sobre a visita do Obama, ainda nessa semana! Confesso que estou com muita saudade de postar aqui e dos leitores! 

Beijos a todos e uma ótima semana,

Luiza