sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Revolução do Jasmim: o Terceiro Choque do Petróleo?



Oi gente,

Hoje ao acordar e ver as notícias sobre a crise no mundo árabe, sobretudo na Líbia, me perguntei se não estaríamos assistindo a mais um episódio que abalaria o mundo, em função da produção de petróleo. A Revolução nos países árabes, que vem sendo chamada de Revolução do Jasmin, vem afetando a vários países, no chamado efeito dominó. A Revolução, que teve início na Tunísia, passou por países como Egito, Iêmen, Argélia, Omã, Mauritânia, e, agora, abala as estruturas do regime de Muamar Kadafi, na Líbia. 

A Líbia é uma das maiores produtoras de petróleo do mundo e, com a revolução, o país já perdeu três quartos de sua produção. A queda na produção do petróleo pode levar a uma necessidade de racionamento por parte dos compradores, afetando todos os setores produtivos que dependem do petróleo, ou, então, levar a um aumento nos preços, já que a produção ficará afetada. Será um choque na oferta agregada, o que afetará diretamente o mercado e seus preços. Para que a situação normalize-se, é preciso que os demais países da OPEP tomem alguma providência. 

A comunidade internacional tem colocado suas expectativas sobre a Arábia Saudita, que se dispôs a aumentar sua produção de petróleo para suprir as necessidades dos mercados europeu e chinês; todavia, outros membros da OPEP, como Irã e Venezuela, não concordam com a postura saudita de aumentar a produção, pois isso levaria o preço do barril a menos de 100 dólares.

O preço, que atualmente já se encontra mais alto do que o normal, em função da instabilidade internacional, será repassado aos consumidores. Caso aumente ainda mais, o reajuste será ainda maior e poderá ser percebido mais facilmente sobre o aumento no preço da gasolina, dos produtos derivados do petróleo, e, inclusive, dos preços das passagens aéreas. 

Dificilmente chegaremos a um ponto tão crítico como foi o da crise de 1979, porém, certamente seremos afetados. O petróleo brasileiro e africano começa a ser ainda mais cobiçado internacionalmente, sobretudo pelos Estados Unidos. Isso representa mais um estímulo aos investimentos do Brasil no pré-sal. 

Agora, é esperar para ver como a situação irá se resolver e estar disposto para lidar com as alterações no preço dos derivados do petróleo, pois, provavelmente, elas irão nos afetar. 

Beijos,

Luiza 

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

A postura do Brasil em relação aos assentamentos israelenses nos Territórios Palestinos Ocupados

Oi gente,

Peço desculpas mesmo pela minha ausência. Ando sem tempo nenhum pra postar aqui - assim como tenho ficado sem criatividade para postar coisas interessantes.

Hoje vou apenas colar uma declaração super interessante do Brasil no Conselho de Segurança, em relação aos assentamentos israelenses nos Territórios Palestinos Ocupados. O Brasil vem adotando uma postura claramente em favor dos direitos palestinos em formar seu Estado Soberano, como pode ser observado mediante o reconhecimento do Estado da Palestina nas fronteiras de 1967, antes da Guerra dos Seis Dias, em acordância com uma resolução 242 da ONU, também de 1967. 

É interessante observar que essa postura brasileira vem em um crescente, como já demonstrei em um post antigo. Apesar de algumas reticências, sobretudo nos anos 90, desde o final do governo FHC e início do governo Lula, mas, sobretudo após 2005, com a primeira cúpula América do Sul-Países Árabes, as relações vêm se intensificando. O Brasil possui excelentes relações econômicas com o Oriente Médio, e não apenas em função de comércio, mas, também, em função dos investimentos árabes no Brasil e também do contrário. 

A postura brasileira vem sendo de cautela e de não intervenção, acompanhada, porém, de não indiferença. Quanto aos territórios palestinos, o Brasil advoga pelo direito palestino à construção de seu Estado soberano, composto por povo, governo e território, porém, sem se furtar manter boas relações com Israel, parceiro igualmente importante e com quem o Mercosul possui um Acordo de Livre Comércio. Quanto aos recentes acontecimentos nos demais Estados Árabes, o Brasil preza pela solução pacífica das controvérsias, e, apesar de não pronunciar expressamente a palavra "democracia", exorta os governos a atenderem os pedidos da população de maneira pacífica, respeitando a liberdade de expressão e os direitos civis do povo. 

Vou colar para vocês o discurso da nossa Excelentíssima Embaixadora Maria Luiza Viotti no Conselho de Segurança na ONU, acerca das votações sobre a ilegalidade dos assentamentos israelenses nos Territórios Palestinos Ocupados. Antes, há uma nota oficial do governo brasileiro comentando sobre o resultado das votações. Acho que vale muito à pena ler - apesar de a Resolução não ter sido aprovada, em função do voto norte-americano.

Um grande beijo a todos.
________________________________________________________________________________


O Governo brasileiro lamenta que o projeto de resolução sobre a ilegalidade dos assentamentos israelenses nos Territórios Palestinos Ocupados, incluindo Jerusalém Oriental, não tenha sido adotado no Conselho de Segurança das Nações Unidas, em votação ocorrida na tarde de hoje, dia 18. O projeto recebeu o co-patrocínio de 128 dos 192 membros da ONU, inclusive o Brasil, e o voto afirmativo de 14 dos 15 membros do Conselho de Segurança.
Após a votação, a Representante Permanente do Brasil junto às Nações Unidas em Nova York, Embaixadora Maria Luiza Viotti, proferiu a seguinte explicação de voto:
“A solução pacífica da Questão da Palestina é possivelmente o objetivo mais importante para a paz e a estabilidade no mundo.
Por sua vez, a continuada expansão dos assentamentos israelenses nos Territórios Palestinos Ocupados tornou-se o obstáculo mais grave a progressos concretos nas negociações para uma solução justa e duradoura da Questão.
É, portanto, natural que o Conselho de Segurança trate deste tema de forma condizente com sua responsabilidade primária pela manutenção da paz e da segurança internacionais. Saudamos um crescente engajamento da comunidade internacional nessa questão, inclusive por meio do Conselho de Segurança.
O projeto de resolução diante de nós reafirmava que todas as atividades israelenses relacionadas aos assentamentos nos Territórios Palestinos Ocupados, inclusive em Jerusalém Oriental, são ilegais e constituem grande obstáculo para alcançar-se a paz com base na solução dos dois Estados.
Recordava as obrigações de Israel nos termos do Mapa do Caminho, aprovado pela Resolução 1515 do CSNU. Também instava à retomada imediata de negociações efetivas.
O Brasil co-patrocinou o texto não apenas por concordarmos integralmente com ele, mas porque a resolução nos ajudaria a alcançar a solução de dois Estados e, portanto, contribuiria para a segurança e estabilidade de longo-prazo de toda região, inclusive de Israel. Ao procurar avançar o processo de paz, também temos em mente o direito de Israel de viver em segurança, livre de agressões e ameaças à sua existência. Brasil e Israel são bons amigos e importantes parceiros, tanto no âmbito bilateral quanto no do Mercosul.
Também co-patrocinamos o projeto de resolução porque sua adoção enviaria mensagens-chave urgentes.
Primeiro, que o desrespeito continuado das obrigações internacionais relacionadas à construção de assentamentos constitui ameaça à paz e à segurança na região.
Segundo, que a interrupção das atividades relacionadas aos assentamentos deve ser vista não como uma concessão, mas como a conduta legal de acordo com o direito internacional.
Terceiro, que ações unilaterais não devem prevalecer.
A defesa do direito internacional será sempre uma postura favorável à paz. O Conselho de Segurança não pode aceitar menos do que isso.
Distintos membros do Conselho de Segurança,
Ao longo dos anos, o Brasil vem apoiando a realização das legítimas aspirações do povo palestino por um Estado coeso, seguro, democrático e economicamente viável, dentro das fronteiras de 1967 e com Jerusalém Oriental como sua capital, vivendo lado a lado e em paz com o Estado de Israel.
À medida que fortalecemos nossas relações diplomáticas com todos os países da região, aprofundamos nosso compromisso com a estabilidade no Oriente Médio, nossa condenação a todas as formas de terrorismo e nossa convicção de que o processo de paz deve ser acelerado.
O recente reconhecimento do Estado Palestino pelo Brasil é plenamente consistente com nossa disposição de contribuir para uma solução justa e duradoura para a Questão da Palestina. Conforme indicado explicitamente naquele momento, tal decisão não significou o abandono da convicção de que negociações entre israelenses e palestinos são indispensáveis. Pelo contrário, nós a vemos como um estímulo a mais para as negociações. Apenas o diálogo e a coexistência pacífica com todos os vizinhos podem realmente fazer avançar a causa palestina.
Vários anos de esforços de negociação produziram base substancial sobre a qual é possível avançar. Temos a esperança de que a intensificação do cronograma de encontros do Quarteto revele disposição para dar passos concretos que levem a um acordo sobre status final até setembro próximo.
Acreditamos que a inclusão de mais países no processo de paz, inclusive países em desenvolvimento de fora da região e com boas relações com todas as partes, traria ar fresco para o processo de paz. O Brasil está pronto a participar e a apoiar tais esforços. Temos dado nossa contribuição aos esforços da Autoridade Palestina para a construção das instituições do Estado, inclusive por meio de cooperação bilateral e do IBAS (Índia, Brasil e África do Sul).
Num momento de particular potencial de mudanças no Oriente Médio, é ainda mais urgente que se faça progresso no processo de paz entre israelenses e palestinos. Agora, mais do que nunca, quanto melhores forem as perspectivas para o estabelecimento do Estado palestino, maior será a probabilidade de que a região avance rumo à estabilidade e à democracia. O congelamento da construção de assentamentos seria claro sinal de vontade política de engajar-se em negociações sérias.
Para chegar-se a um acordo, serão necessárias decisões políticas difíceis. O Brasil está confiante em que as lideranças israelenses e palestinas saberão portar-se como estadistas e estarão prontas a fazer as concessões dolorosas necessárias para que as próximas gerações possam usufruir dos benefícios da paz.”


******

Discurso retirado do site do Ministério das Relações Exteriores: www.itamaraty.gov.br 

domingo, 6 de fevereiro de 2011

Matéria: O Itamaraty vai rever relações com regimes autoritários

Oi gente,

Domingo, preguiça e cansaço, as três palavras que definem o meu dia de hoje. Ah, e me esqueci de falar "aula de economia", daqui a pouco. rsrs.

Sendo assim, resolvi apenas colar essa matéria para vocês que achei no site da  Revista Época, na Globo.com. Achei muito interessante, pois ela mostra uma mudança na política externa de Dilma que vem sendo observada, já nesses primeiros meses de mandato.

A nova presidenta vem se posicionando de forma mais firme e coesa no que concerne aos direitos humanos, sobretudo nos países com regimes menos democráticos. A presidenta e seu Chanceler já vêm demonstrando que farão uma revisão na posição brasileira adotada no relacionamento com esses países. É algo bem interessante e uma mudança considerável, em relação ao governo anterior.

Colo, abaixo, a matéria. Acho que é muito útil!



"O Itamaraty vai rever relações com regimes autoritários"

Sob o comando de Dilma e do ministro Patriota, não deve mais haver moleza para os ditadores – tratados com condescendência na era Lula

Murilo Ramos

Durante os oito anos do governo Lula, a diplomacia brasileira, recorrentemente, recusou-se a apoiar resoluções internacionais de condenação a países acusados de violações de direitos humanos. Nas votações na Organização das Nações Unidas (ONU), a posição mais comum do Brasil foi a abstenção (leia quadro abaixo). Para o Itamaraty, lições morais pouco contribuiriam para melhorar a situação das vítimas de abusos. Mais produtivo seria tentar mudanças pela via do diálogo.

NOVO RUMO

O ministro das Relações Exteriores, Antônio Patriota. Ele pediu aos embaixadores sugestões sobre a política externaPor trás desses argumentos, havia o ceticismo em relação às questões de direitos humanos de ideólogos da política externa, como o embaixador Samuel Pinheiro Guimarães, segundo homem na hierarquia do Itamaraty durante quase sete anos. Pinheiro Guimarães postulava que a defesa dos direitos humanos “dissimula, com sua linguagem humanitária e altruísta, as ações táticas das grandes potências em defesa de seus interesses estratégicos”. Essa diretriz “anti-colonialista” significou, na prática, o apoio do Brasil a alguns dos regimes mais execrados na comunidade internacional, como as ditaduras que governam a Coreia do Norte e Mianmar. O ponto mais baixo dessa política, talvez, tenha sido a declaração do ex-presidente Lula em viagem a Cuba, no início de 2010, em que comparou dissidentes políticos em greve de fome a bandidos comuns de São Paulo.

Na campanha eleitoral, a presidenta Dilma Rousseff já havia dado sinais de que daria uma guinada nessa orientação. Ela assinou um documento em que se comprometeu a “conferir primazia aos direitos humanos a outros interesses na política externa”. Eleita, criticou a posição do Itamaraty de se abster na votação da resolução da ONU que condenava o Irã por práticas medievais como o apedrejamento. Na semana passada, ela deu mais duas indicações de que pretende, nessa área, estabelecer diferenças marcantes em relação a Lula. Na Argentina, destino da sua primeira viagem internacional, disse que “todas as falhas que existam em relação a Cuba” no campo dos direitos humanos devem ser protestadas. Ao mesmo tempo, tornou-se público que o ministro das Relações Exteriores, Antônio Patriota, pediu a embaixadores uma reavaliação da política externa, com o objetivo, entre outros, de rever a relação com regimes autoritários.

“Não vamos virar a Noruega, mas o governo vai passar a defender valores que estão em sintonia com a realidade democrática brasileira”, diz Eduardo Viola, especialista em relações internacionais da Universidade de Brasília (UnB). É um avanço promissor.


NEUTRALIDADE POLÊMICA

No governo Lula, o Brasil se absteve se condenar regimes acusados de violações

IRÃ

Desde 2004, o Brasil se abstém, regularmente, em todas as votações da Assembléia Geral da ONU que aprovaram condenações ao regime iraniano por violações de direitos humanos

COREIA DO NORTE

Em 2008 e 2009, o Brasil se absteve, no Conselho de Direitos Humanos da ONU, de condenar o regime do ditador Kim Jong-Il, acusado de torturar e executar dissidentes políticos

MIANMAR

Em 2010, o Brasil não apoiou a resolução da ONU que pedia a libertação de mais de 2 mil presos políticos pela junta militar que governa o país do Sudeste asiático

SRI-LANKA

Em 2009, o Brasil não apoiou investigação de violações de direitos humanos durante a guerra de 25 anos entre o governo cingalês e a guerrilha dos Tigres de Libertação do Tâmil Eelam

SUDÃO

Em 2006, o Brasil não apoiou resolução que criticaria o governo sudanês e pediria o envio à Justiça dos responsáveis pelo massacre de mais de 200 mil pessoas em Darfur.


_____________________________________________________________________________
 
 
That's all folks. Agora é esperar e observar os novos rumos que nossa política externa irá tomar. ;)
 
Beijos a todos e bom final de semana,
 
Luiza
 
 

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Pecuária intensiva no Brasil: uma possível solução?



Oi gente,

Após estudar sobre os impactos ambientais no território brasileiro, fiquei preocupada. Eu já sabia que a coisa não era muito boa, quando se fala de desmatamento, poluição e falta de tratamento de lixo e de esgoto, mas, hoje, fiquei ainda mais preocupada. Me dei conta de que nós não fazemos nada no nosso dia a dia para mudar essa situação que vem piorando a cada dia que passa. Sempre colocamos a responsabilidade no Estado e achamos que pagar os impostos é o suficiente: errado. Temos que fazer nossa parte, começando com a coleta seletiva de lixo, com a diminuição dos gastos de água e energia elétrica.

Green advices a parte, resolvi começar a fazer a minha parte, ainda mais. Comecei a coleta seletiva de lixo aqui em casa e me dispus a, uma vez mais, parar de comer carne vermelha. Já fiz essa experiência durante dois anos e foi algo positivo; agora, vou retornar uma vez mais a esse princípio, me permitindo comer, no máximo, carne vermelha duas vezes por mês - e olhe lá, só pela vitamina B12!

Sei que pregar o vegetarianismo do mundo não é uma política realista, tão pouco concretizável, e, por isso, vim para casa dirigindo e pensando em como seria uma forma de diminuir os impactos ambientais, sem privar os homens de suas vontades. Já que os boizinhos infelizmente vão morrer, que seja pelo menos causando um impacto ambiental menor. Hoje, para vocês terem ideia, 38% das cabeças de gado do país estão na Amazônia e, segundo o MMA, cerca de 75% da área desmatada da Amazônia é ocupada pela pecuária. Refleti, refleti, e me dei conta de que essa grande expansão da fronteira agropecuária para a Amazônia só se dá porque, no Brasil, nossa pecuária é atrasadíssima e baseada no método extensivo de criação, onde o gado fica solto, pastando e compactando a terra. Essa forma de criar gado é a pior, pois é preciso ter grandes áreas de pasto aberto, sem falar que o gado recebe poucos cuidados e elimina seus dejetos ao ar livre, contribuindo para a compactação do solo e para a emissão de gás metano - um dos maiores causadores de efeito estufa!

A foto abaixo mostra os avanços da criação pecuária no Brasil e as regiões com maior concentração de gado.


Cheguei a conclusão de que, para minimizar esses danos ambientais que vem sendo cada vez mais presentes no nosso país, a solução seria adotar práticas de pecuária intensiva, onde o boi fica majoritariamente em locais mais fechados, recebe mais tratamento, seus desejos são tratados e onde ele pasta apenas por uma parte pequena de tempo em um local menor. Nessa prática, não é preciso ter grandes quantidades de pastos e o solo acaba sendo menos danificado, sem falar que a carne do boi fica mais macia, pois ele não fica pastando direto, e ele fica mais tratado, correndo menos riscos de doenças etc.

Tendo dito isso, me perguntei por que, no Brasil, não temos incentivo às práticas de pecuária intensiva, ao invés de extensiva, sobretudo neste momento atual da história, onde os preços das commodities (entre as quais a carne boniva se inclui) estão altíssimos, incentivando a expansão da fronteira para a Amazônia? Pesquisei e vi que não sou a única a achar isso. O Prof. Guilherme Dias Leite, da USP, também acha que a forma de criação de gado na Amazônia deve mudar. O prof. diz, ainda, que as principais causas de o modelo ser como é atualmente são a falta de crédito concedido aos pequenos e médios produtores. Os créditos governamentais e as políticas de incentivo acabam incentivando que os grandes produtores continuem se expandindo, fazendo com que os menors acabem se espalhando de forma irregulamentar e sem planejamento.

Além das concessões de créditos para que os produtores menores adotem práticas intensivas, uma boa forma de incitar a mudança poderia ser mediante incentivos fisicais para os produtores que criassem seu gado em conformidade com as leis de proteção do meio ambiente; mas isso nos remete a um outro problema: a inexistência de uma lei que regule firmemente a atividade pecuária no Brasil e seus impactos ambientais. Mediante a lei 7181 de 1991, fica especificado que o governo federal poderá conceder incentivos fiscais ao proprietário que preservar e conservar a cobertura vegetal original de sua propriedade, porém, isso hoje em dia tem sido alvo de inúmeras discussões no Congresso, sobretudo no que se refere ao Código Florestal, que foi alvo de muitas críticas por ONGs e especialistas no assunto.

Além das políticas domésticas, que devem ser implementadas a fim de regulamentar de forma mais específica essa expasão sobre a Amazônia, o Brasil não pode se esquecer dos compromissos internacionais de meio ambiente que vem assumindo ao longo dos últimos 20 anos e que estão diretamente relacionadas a questões como essa da pecuária e seus impactos. Tanto na Agenda 21, que firma as táticas de ação para proteção do meio ambiente, quanto na Declaração da Biodiversidade e na Conveção Quadro para Mudanças Climáticas, o desmatamento, a preservação da biodiversidade e a redução da emissão dos gases são pontos centrais, e todos eles relacionam-se com as consequências da nossa expansão da pecuária para a Amazônia. É preciso que tomemos mais medidas práticas, firmes e que, principalmente, supervisionemos a situação na Amazônia, ou, em breve, ela se tornará um grande pasto - isso sem falar da soja.

Sendo assim, não creio que a pecuária intensiva vai resolver todos os problemas do Brasil e do avanço sobre a Amazônia, mas pode ser uma forma de minimizar, ou, ao menos, de atrasar os impactos que essa atividade poderá ter em um futuro próximo. A questão é que, por vontade própria, os pecuaristas não farão tal coisa; é preciso que o governo se posicione, a fim de estimular uma pecuária mais avançada e menos nociva aos nossos domínios. Já que as pessoas não irão parar de produzir carne, nem de comê-la, que, ao menos, sua produção seja mais correta.

Bom, é isso. Espero que cada um faça a sua parte para que nós possamos usufruir das benesses da natureza, sem impedir que as gerações futuras também tenham suas necessidades atentidas. Desenvolvimento Sustentável na veia, galera.

Fico por aqui.

Um beijo,

Luiza

Fontes:
Imagem: Google Images